Pressão por biquínis abre polêmica e pontua expectativa pelo vôlei de praia em Londres

Bruno Freitas

Do UOL, em Londres (ING)

  • Flávio Florido/UOL

    FIVB anunciou que o traje de biquínis deixava de ser a única opção das jogadoras

    FIVB anunciou que o traje de biquínis deixava de ser a única opção das jogadoras

A ideia de ter mulheres desfilando de biquínis no centro nervoso da cidade faz com que o vôlei de praia esteja entre os eventos de maior expectativa entre os fãs de Londres que acompanharão a Olimpíada em casa. Mas a pressão pela inusitada presença do traje na metrópole turística gerou uma espécie de debate feminista na nação que recebe os Jogos e provocou irritação das representantes locais.

A expectativa do público britânico poderia residir na presença das duplas locais, especialmente pela parceria feminina. Shauna Mullin e Zara Dampney serão as primeiras britânicas a competir desde a introdução do esporte no programa olímpico em 1996. Mas o feito esportivo, alcançado através de convite (elas aparecem como 37ª dupla do mundo), tem ficado atrás do apelo para o desfile de corpos bem delineados em uma das áreas mais nobres e visitadas da cidade.

Um dos jornais de Londres, o tabloide The Sun, fez uma campanha engajada para que as jogadoras do país não usassem as roupas mais longas, mesmo que o frio e a chuva se imponham sobre a sede do vôlei de praia. A aflição se intensificou especialmente na última semana, em dias de temperaturas baixas, mas acabou dispersando com a recente e tardia virada de calor de verão.

Expostas ao tema insistentemente em sua terra, as britânicas do vôlei de praia demonstraram nos últimos dias certa irritação, manifestando que o interesse pelo esporte precisa estar acima da expectativa de ver garotas em roupas módicas no centro de Londres. Mas, no fim das contas, Shauna Mullin acabou cedendo aos apelos.

"Esse tema chateia eles [familiares e amigos]. Eles não entendem como falam só disso e não de como a gente dá duro. Mas não vamos decepcionar os fãs, usaremos os biquínis", disse a britânica, após treinar de mangas compridas na semana passada.

Em março deste ano a Federação Internacional de Vôlei (FIVB) anunciou que o traje de biquínis deixava de ser a única opção das jogadoras para a Olimpíada. Os shorts compridos acima do joelho e os tops passaram a ser alternativas para as atletas, em medida da entidade para atender a demanda de nações religiosamente mais conservadoras.

"Tem uma nova regra para jogadoras que vêm de países com religião muito forte. Elas podem se cobrir mais. Mas não acho que isso vá acontecer aqui. Se estiver frio as meninas vão usar mangas, mas se o tempo estiver bom todo mundo vai vestir os biquínis", disse a canadense Annie Martin após o treino de quarta-feira na sede da modalidade, usando o badalado traje de praia sob uma temperatura de mais de 30 graus.

Na onda dos biquínis em Londres, até mesmo a família real deve se juntar ao sentimento de expectativa em relação ao vôlei de praia. A programação inicial dos nobres durante a Olimpíada prevê uma visita do príncipe Harry (solteiro) durante a competição na arena provisória erguida na Horse Guards Parade, a morada da cavalaria da rainha.

SEGURANÇA DA SEDE É UMA DAS MAIS PESADAS DOS JOGOS

A sede do vôlei de praia em Londres está situada na Horse Guards Parades, local que abriga a guarda montada e que geralmente atrai muitos turistas. Bem ao lado da arena fica a residência oficial do primeiro-ministro britânico, na casa número 10 da Downing Street, hoje ocupada por David Cameron. Por isso, todo esse pacote de ambiente faz com que a segurança funcione em um nível mais exagerado por ali.

A entrada de pessoas credenciadas no local é marcada por uma revista minuciosa feita por integrantes do exército, e eles estão por todas as partes dentro ou fora do complexo . Mesmo em deslocamentos internos a imprensa e integrantes das delegações esportivas ainda precisam ser submetidos a vistoria cuidadosa de equipamentos. 

UOL Cursos Online

Todos os cursos