Maior erro que Brasil pode cometer em Londres é se achar favorito, diz Mano

Da Reuters

No Rio de Janeiro

  • Júlio César Guimarães/UOL

    Técnico Mano Menezes orienta jogadores durante treino sa seleção no Rio de Janeiro

    Técnico Mano Menezes orienta jogadores durante treino sa seleção no Rio de Janeiro

Mano Menezes sabe qual é o grande erro que a seleção brasileira precisa evitar na busca pela medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Londres: entrar em campo pensando ser o favorito ao título. Com nomes como Neymar, Alexandre Pato e Thiago Silva, jogadores que estão entre os mais valorizados do futebol mundial, o Brasil vai chegar à Inglaterra como forte candidato ao ouro, dividindo o favoritismo com a Espanha, atual campeã europeia e mundial.

"Na seleção brasileira sempre existe pressão por resultado, e nem podemos ter a ilusão de conduzir um trabalho pensando que podemos perder e nada vai acontecer. Vai acontecer o mais importante: não vamos construir uma seleção brasileira perdendo", disse Mano, com palavras cuidadosamente escolhidas.

O time olímpico do Brasil deve ser a base para o Mundial de 2014. Campeão do mundo em 1994, o técnico Carlos Alberto Parreira já rotulou o time como uma das equipes brasileiras mais fortes a disputar as Olimpíadas. Até hoje o Brasil conquistou duas pratas e dois bronzes, nunca o ouro, mesmo já levando para os Jogos grandes nomes do futebol brasileiro, como Romário, Rivaldo, Ronaldo e Ronaldinho.

"É uma ilusão você achar que vai encontrar facilidade. Nós [a seleção brasileira] nunca encontramos facilidade nas Olimpíadas. Nunca vencemos os Jogos Olímpicos e se você der uma olhada para trás e olhar para a lista de jogadores que disputaram as Olimpíadas, verá que não é fácil mesmo. Foi por isso que não vencemos".

"O pior erro que poderemos vir a cometer é acharmos que somos favoritos antes de jogar. Esse é o passo mais próximo para não vencer", alertou Mano, citando, além da Espanha, a força da seleção do Uruguai, que vai levar os atacantes Edinson Cavani e Luis Suárez para os Jogos de Londres.

A Olimpíada será apenas a segunda vez que Mano vai comandar o Brasil em competições oficiais. A experiência anterior foi um fracasso: a eliminação nas quartas de final da Copa América de 2011, na Argentina. Naquela oportunidade, o treinador mesclou jogadores experientes, como Lúcio, Robinho e Julio César, com jovens que estarão nos Jogos Olímpicos, como Neymar, Ganso e Pato.

A derrota fechou as portas da seleção para alguns veteranos. A esperança de Mano, agora, se concentra em um novo time que impressionou o treinador em quatro amistosos de preparação para a Olimpíada, entre maio e junho: vitória por 3 a 1 sobre a Dinamarca, goleada por 4 a 1 sobre os Estados Unidos e vitória de 2 a 0 contra o México.

Apesar da derrota, até mesmo os 4 a 3 contra o time principal da Argentina é citado pelo técnico como um exemplo do potencial da equipe. Contra o time de Lionel Messi, o Brasil esteve duas vezes em vantagem e só não venceu porque sua defesa, com os inexperientes Juan e Bruno Uvini, desfalcada do capitão Thiago Silva, não conseguiu parar o melhor jogador do mundo.

"A gente vai repetir o que fez nos jogos amistosos como ideia de seleção brasileira. Não teria lógica nenhuma você montar uma formação, a seleção jogar bem, e destruir tudo isso para tentar construir uma nova maneira para jogar para as Olimpíadas", afirmou o treinador.

Olímpicos e veteranos

Apesar de os Jogos representarem o principal degrau na preparação do time para a Copa do Mundo, o treinador acredita que a seleção brasileira que vai jogar o Mundial em casa será diferente da que vai a Londres. Mesmo que a equipe olímpica conquiste o título.

"Estamos levando para a Olimpíada 18 jogadores. Desses, 15 têm menos de 23 anos. Não é possível que todos os bons jogadores que temos [no Brasil] estão abaixo de 23 anos. Existem jogadores que podem, ao lado desses, tornar a seleção ainda melhor", explicou o treinador.

Mano não citou nomes, mas, com base no rendimento dos jogadores nos amistosos, é provável que ele aposte em Daniel Alves para a lateral-direita, David Luiz como companheiro de Thiago Silva na zaga e em um goleiro mais experiente que o jovem Rafael Cabral, do Santos.

"Acho que o fator mais positivo será justamente a união de uma equipe, tomara que campeã olímpica, com jogadores que já têm uma trajetória maior, exatamente para dar um equilíbrio e uma qualificação maior ainda para a seleção brasileira."

O time titular olímpico está "99 por cento" fechado: Rafael Cabral, Rafael, Thiago Silva, Juan e Marcelo; Rômulo, Sandro, Oscar e Hulk; Neymar e Leandro Damião.

Grande aposta do treinador no início de seu trabalho à frente da seleção, Paulo Henrique Ganso perdeu espaço após uma sequência de lesões que interromperam sua carreira. Deve começar os Jogos no banco de reservas. O treinador, no entanto, tem o meia como um trunfo.

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