Judoca palestino dribla rivalidade com Israel e será o primeiro do país a competir por mérito
Das agências internacionais
Em Jerusalém (Israel)
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REUTERS/Ammar Awad
Palestino Maher Abu Rmeileh dobra cachecol na loja de roupas do pai, no lado árabe de Jerusalém
Quando o judoca Maher Abu Rmeileh subir no tatame para competir nas Olimpíadas de Londres na categoria até 73 quilos, ele se tornará o primeiro palestino a ir aos Jogos por mérito próprio. Mas a jornada do lutador de 28 anos, pai de dois filhos, envolveu até mesmo a falta de cooperação no esporte entre os rivais históricos Palestina e Israel.
Rmeileh, morador do lado árabe de Jerusalém, nunca pôde utilizar as instalações israelenses de judô, de alto padrão, apesar de viver a uma distância de dez minutos de carro do local. Ele também nunca competiu com os judocas do país vizinho. O palestino treina em uma academia com falta de recursos, situada em uma ruela do lado árabe de Jerusalém. E, enquanto outros competidores dedicam-se exclusivamente ao judô, ele tem de tirar seu dinheiro do trabalho na loja de roupas do pai.
O técnico de Rmeileh, Hani Halabi, que também é o chefe da confederação de judô palestina, diz que não há cooperação entre os países. “A confederação israelense tentou organizar eventos conjuntos várias vezes, mas nós recusamos. Eu não posso pedir que um menino palestino compita contra um israelense enquanto seu pai está na cadeia ou sua casa foi demolida. E ele não pode passar pelos postos de controle”, diz Halabi.
“Apenas quando tivermos uma paz justa e real, sem assentamentos, sem prisioneiros, em um país livre, estaremos prontos a ter atividades em conjunto”, completa o dirigente e treinador.
Dez palestinos competiram nos Jogos Olímpicos desde a estreia em Atlanta 1996, mas Rmeileh será o primeiro a conseguir ir sem convites. “Estou feliz, cheio de esperança e pronto para qualquer coisa”, promete o judoca, orgulhoso.