Ofuscados por outras estrelas, brasileiros com chance de medalhas pedem reconhecimento

José Ricardo Leite

Do UOL, em São Paulo

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    As brasileiras Talita e Maria Elisa comemoram a conquista do bronze em Roma, na Itália

    As brasileiras Talita e Maria Elisa comemoram a conquista do bronze em Roma, na Itália

Ter bons resultados em competições internacionais e em campeonatos mundiais são quase que uma garantia de consequente expectativa de medalha e holofotes virados para um atleta em ano de Jogos Olímpicos. Quase, pois nem todos com essas características são tão visados.

Alguns atletas brasileiros com boa performance e credenciados a bons resultados são ofuscados por outras estrelas de suas modalidades, que geralmente são mais conhecidas do público por conquistas mais marcantes.

Este é o caso do nadador Felipe França. Ele é o único brasileiro campeão mundial em piscina longa na história além de Cesar Cielo. Mas o fez nos 50 m peito, uma modalidade não olímpica. Em sua primeira participação olímpica, em Londres, competirá nos 100 m peito, modalidade na qual tem hoje, a aproximadamente um mês do início da competição, o terceiro melhor tempo do mundo. O que o coloca como um candidato a medalha. Mas, na natação, os holofotes estão mirados para Cielo, o que ofusca Felipe.

França diz esperar que seu status mude após a participação na Olimpíada com um bom resultado. E ressalta sua história para um maior reconhecimento.

“Dentro da profissão, do desempenho que eu já tive, Mundial que já ganhei, recordista mundial que eu já fui, acho que poderia ser visto de uma forma mais eficaz. E que hoje eu ainda não sou. Espero que depois da Olimpíada tudo vái mudar”, disse em entrevista ao UOL Esporte.

“Eu sou uma medalha a menos que o Cielo. Ele tem olímpica e não tenho. Sou campeão mundial, já fui recordista, e nesse aspecto vejo no Cielo que ele soube lidar com isso. Vejo que poderia ter subido à cabeça, mas ele soube lidar com isso porque tem pessoas ao redor dele que ajudaram ele a conquistar essa firmeza e pé no chão para não interferir na vida profissional”, continuou.

No vôlei de praia, a dupla Talita e Maria Elisa é a quinta colocada do mundo e ganhou várias etapas do Circuito Mundial. Mas a mais conhecida é Juliana e Larissa, líderes do ranking.  Mas as “ofuscadas” parecem não se incomodar com os holofotes mirados para as rivais.

“É normal, porque elas são heptacampeãs mundiais, falam mais delas pelos resultados.  Acho que é normal porque jogam mais juntas, são mais experientes e têm resultados melhores do que os nossos. Seria anormal se fosse o contrário. Acho muito normal mesmo”, falou Talita.

“A Larissa e Juliana têm os títulos delas e estão de parabéns. Mas todas são Brasil. Tivemos resultados parecidos e a pressão. Se existe algum holofote que não atrapalhe as duas”, completou Maria Elisa.
 

VEJA QUEM TEM BOA CHANCE DE MEDALHA E É OFUSCADO POR OUTRO NOME

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    Talita e Maria Elisa já ganharam várias etapas do Circuito Mundial de vôlei de praia e são fortes candidatas a medalha em Londres. Têm em sua galeria de títulos a conquista do Circuito Nacional, de 2008. Mas são ofuscadas por Juliana e Larissa, que ganharam o Mundial de 2011, em Roma, além de seis vezes serem as campeãs do Circuito Mundial. Fazem jogos equilibrados. Há menos de um mês, se encontraram na etapa da Rússia, e Juliana e Larissa venceram por 2 sets a 1.

  • Felipe França e Cesar Cielo são os únicos brasileiros campeões mundiais de natação. Mas o primeiro é bem mais conhecido, principalmente por ter já duas medalhas olímpicas, um bronze e um ouro em Pequim. Além disso, Cielo tem recorde e título mundial em duas provas, 50 m e 100 m livre. França é campeão mundial dos 50 m peito, prova que não é olímpica. Mas tem boas chances de ganhar os 100 m em Londres. Cielo também é campeão mundial de uma prova não olímpica, os 50 m borboleta.

  • Arthur Zanetti é uma das esperanças brasileiras em Londres. O jovem ginasta de 22 anos já ganhou uma edição das Universíadas e foi medalha de prata nas argolas no Mundial de 2011. Também foi prata nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, no mesmo ano. Mas ele é bem menos conhecido do que Diego Hypólito, que já venceu por duas vezes o Mundial de ginástica no solo. Diego foi bronze no último Mundial.

  • O judoca Leandro Cunha é um potencial candidato ao ouro olímpico na categoria até 66 kg. Ele foi vice-campeão em dois Mundiais, em 2010 e 2011. Também ganhou o ouro no Pan de Guadalajara. Mas não tem os mesmos holofotes que Leandro Guilheiro, vice-campeão mundial em 2010 e bronze olímpico em 2004 e 2008. E ter uma medalha olímpica parece mesmo pesar no recohecimento, já que ouro nome mais badalado que Cunha é Tiago Camilo, prata em Sydney e bronze em Pequim.

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