"Com aumento do controle, casos positivos crescem", admite chefe da autoridade nacional de dopagem

Bruno Doro

Do UOL, em São Paulo

  • Eduardo Knapp/Folha Imagem

    Marco Aurélio Klein, diretor geral da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem

    Marco Aurélio Klein, diretor geral da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem

Nesta semana, a natação brasileira foi surpreendida com a descoberta de novos casos de doping. Um deles, Glauber Silva, estava de malas prontas para disputar as Olimpíadas de Londres, em julho. Nomeado na semana passada para ser o diretor executivo da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem, Marco Aurelio Klein descarta que o problema tenha crescido no país nos últimos anos, apesar do aumento no número de positivos.

NADADOR É FLAGRADO NO ANTIDOPING

  • Divulgação/CBDA

    O nadador brasileiro Gláuber Silva, classificado para os 100m borboleta nos Jogos Olímpicos de Londres, foi flagrado em exames antidoping. A informação foi confirmada ao UOL Esporte pelo diretor executivo da Autoridade Brasileira de Dopagem. Pelo menos mais um atleta da natação também teve resultado positivo em seus exames.

    Membro do programa Bolsa Atleta, do Governo Federal, Gláuber teve os benefícios do programa suspensos até uma definição do caso. “Ele foi suspenso do programa nesta sexta-feira. Esse é um procedimento normal que envolve qualquer atleta. Quem não pode competir por motivo disciplinar, e o doping é uma das mais graves infrações, sempre é suspenso. No caso dele, ele ficará sem receber até estar apto a voltar a competir. Se for julgado e não receber nenhuma pena, receberá o valor retroativo. Se receber uma punição, ficará sem receber até voltar a competir”, explicou o dirigente.

     

“Nossos atletas não estão usando mais doping. O que acontece é que, à medida que aumentam os controles, você tem a possibilidade de ter mais casos positivos. O que precisamos fazer é aumentar o trabalho de esclarecimento e fazer ações preventivas. E, pelo Governo Federal, temos um canal muito importante, que é o Bolsa Atleta. São 4243 atletas beneficiados e a ABCD terá diálogo com eles”, explica Klein.

A Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem nasceu em dezembro, mas só na semana passada ganhou um chefe. Com a nomeação de Marco Aurelio Klein, o órgão passará, a partir de agora, a montar sua estrutura de trabalho. Nesta semana, o dirigente vai para Portugal para acompanhar o trabalho da Autoridade Antidopagem de Portugal. “Temos um acordo de cooperação assinado em 2010. Eles são referência para a Wada e farei um estágio com o presidente local”, explica.

A ABCD terá a função principal de regularizar os exames antidoping no país. A entidade será a responsável por capacitar e certificar os profissionais que trabalham nos controles, além de garantir que os exames sejam analisados somente por laboratórios credenciados. Além disso, cuidará também dos controles em atletas fora de competição.

A entidade não terá controle, porém, em um dos pontos mais discutidos em relação ao aumento do número de dopings: a uniformização das penas. “Nós seremos o braço da Wada (Agência Mundial Antidoping) no Brasil e, como ela, não teremos função punitiva. Esses processos continuam com os tribunais específicos de cada modalidade”.

Nos últimos anos, alguns casos mostraram diferenças de punição entre casos semelhantes. Na natação, o campeão olímpico e recordista mundial Cesar Cielo foi advertido e a nadadora do estilo borboleta, Daynara de Paula, suspensa por três meses após positivo no exame. Os dois alegaram contaminação cruzada em suplementos.

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