Volta de Ricardinho tem reaproximação de 'irmão' Giba e fica sem pedido de desculpa
Roberta Nomura
Do UOL, em Saquarema (RJ)
FIVb/Divulgação
Ricardinho (e) e Giba beijam o troféu da Liga Mundial 2007, último torneio do levantador antes do corte
Os cincos anos de ausência de Ricardinho da seleção brasileira de vôlei foram marcados por um rompimento total entre jogador e elenco. Antes do retorno oficial ao ambiente da equipe, algumas conversas, telefonemas e mensagens de texto no celular. Mas nenhum pedido de desculpas. A volta foi confirmada com o início dos treinamentos no CT de Saquarema (RJ) nesta semana e já tem uma reaproximação do levantador com o ‘irmão’ Giba.
RICARDINHO ESCAPA DE TROTE E DIZ: "É COMO VOLTAR COM UMA EX"
Ricardinho está de volta à seleção brasileira após cinco anos. Desde do dia 1º de maio, ele tem convivido com uma rotina que não fazia mais parte de sua realidade desde 2007. No reencontro com o elenco em Saquarema (RJ), o levantador de 36 anos escapou do trote comum a novatos e comparou a equipe nacional com uma ex-namorada.
“Eu e o Ricardo nunca tivemos problema nenhum. Sempre tivemos desavenças que acontecem entre dois irmãos. Realmente as cicatrizes ficam, mas elas se sanam. A cicatriz da minha canela também cicatrizou. Então, vamos para frente”, disse Giba, que se recupera de cirurgia após fraturar a tíbia da perna esquerda.
Ricardinho e Giba eram muito amigos nos tempos de seleção até o corte do levantador dois dias antes do início dos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro-2007 por problemas de relacionamento. Logo após o torneio, o camisa 7 chegou a pedir para o companheiro retornar, sem sucesso. A relação entre os dois, então, ficou estremecida. Mas eles já dão sinais de reaproximação.
Giba foi o responsável por fazer a ponte entre Ricardinho e os jogadores da seleção brasileira. Os dois trocaram mensagens e telefonemas, principalmente porque o levantador estava receoso com o clima do elenco em sua recepção. Mas a relação não é a mesma de antes do corte, quando dividiam o quarto em viagens e concentrações. “Meu companheiro agora é Mario Júnior. O Giba já está há cinco anos com Sidão também. Mas com certeza a gente vai procurar um quarto do lado do outro, que é só bater na porta”, brincou Ricardinho.
A reaproximação com o elenco tem ocorrido de forma natural, segundo os próprios envolvidos. Não houve um pedido de desculpas de nenhuma das partes após o corte em 2007. “A gente vai ter muito tempo dentro de avião e ônibus e período de treinamento só nós dois [Ricardinho e Bernardinho]. Mas a sensação não é essa de pedir desculpa. É mostrar porque cada um está aqui, no dia a dia. Vale muito mais do que um pedido formal de desculpas. Não temos mais idade para fazer isso. Não acho que foi um erro de um lado só. Foi dos jogadores, meu, do Bernardo. De deixar a coisa pegar um tamanho que não conseguia mais controlar. Na minha opinião, a gente deixou uma encrenca, um desgaste nosso andar e não conseguiu mais conduzir”, explicou Ricardinho.
O contato entre técnico e jogador praticamente não existiu até o ano passado. Um retorno foi ensaiado com a inclusão de Ricardinho na pré-lista da Liga Mundial, mas o levantador pediu dispensa para cuidar de sua mudança de volta para o Brasil. Desta vez, uma conversa pouco antes da final da Superliga selou a volta.
“Foi uma sensação muito boa. A gente realmente se olhou e sentou para conversar em um hotel em São Paulo. A gente falou muito sobre a Superliga, o time dele feminino, batemos um papo. Não somos muito de enrolação e vamos no ponto que tem que ser. ‘E aí, Bernardo?’. Ele respondeu: ‘é assim, assim, assim. Você quer?. Então, vamos voltar a trabalhar, o negócio é mostrar ali dentro, você sabe como é o esquema’. Foi uma conversa muito aberta”, contou o levantador.
No discurso coletivo, o corte de 2007 e os problemas de relacionamento ficaram mesmo no passado. As conversas foram focadas no presente e futuro. E os próximos passos da seleção brasileira são importantes. Ricardinho volta a vestir a camisa verde-amarela após cinco anos na Liga Mundial, que será disputada entre 18 de maio e 8 de julho. Depois, o foco do Brasil é a Olimpíada de Londres - a disputa do vôlei começa em 28 de julho e termina no dia 12 de agosto, justamente com a final masculina. "Vamos fechar uma coisa que estava aberta. Ganhando ou não [o ouro olímpico], vamos ter a convicção de que fizemos a coisa certa", analisou o levantador.