Vídeos

Federação bate o pé, e Rio-2016 tem de construir nova piscina em seis meses

Guilherme Costa e Vinicius Konchinski

Do UOL, no Rio de Janeiro

O Rio de Janeiro terá de construir uma nova piscina no Parque Aquático Maria Lenk, na zona oeste da cidade, para receber os Jogos Olímpicos deste ano. O aparato não estava no projeto até o fim do ano passado e ainda não possui qualquer definição sobre custo ou cronograma de instalação. Faltam menos de seis meses para o início da competição – a abertura está marcada para o dia 5 de agosto, no estádio do Maracanã.

A construção da piscina foi uma exigência da Fina (Federação internacional de esportes aquáticos) para resolver uma das maiores pendências logísticas dos Jogos Olímpicos de 2016. Depois que o Júlio Delamare foi retirado da lista de instalações utilizáveis pelo evento, a organização discutiu durante meses sobre o local que receberia as partidas da primeira fase do polo aquático. Quando escolheu o Maria Lenk, o Comitê Rio-2016 precisou acomodar três modalidades no espaço, que já seria palco do nado sincronizado e dos saltos ornamentais.

O Júlio Delamare, que seria palco dos jogos da primeira fase do polo aquático, deixou em maio de 2015 a lista de instalações olímpicas. O Comitê Rio-2016 pensou inicialmente em levar as partidas para o estádio aquático olímpico, palco da natação, mas seria impossível conciliar cronogramas das duas modalidades.

A alternativa seguinte foi alojar o polo aquático no Parque Olímpico de Deodoro, na piscina construída para o pentatlo moderno. No entanto, essa ideia dos organizadores dos Jogos esbarrou em dois problemas: faltava espaço para aquecimento e não havia estrutura adequada de vestiários.

Em novembro de 2015, o Comitê Rio-2016 confirmou que o polo aquático seria disputado no Maria Lenk. Todo esse processo foi acompanhado por um enorme desgaste na relação entre Fina e os responsáveis pelos Jogos – a federação chegou a emitir um comunicado criticando diversos pontos sobre o evento esportivo e foi rebatida publicamente por Eduardo Paes, prefeito do Rio de Janeiro.

Um dos cernes da reclamação da Fina foi justamente o acúmulo de três modalidades no Maria Lenk, algo inédito na história dos Jogos Olímpicos. Responsáveis pelos Jogos chegaram a dizer que a opção tinha o benefício de “otimizar recursos”.

Para aceitar fazer três esportes em um mesmo equipamento, a Fina bateu o pé e exigiu duas piscinas de aquecimento e treinamento no Maria Lenk. Atletas costumam usar esses aparatos durante as competições – é lá que eles fazem parte do aquecimento e do pós-prova, por exemplo.

Construído para os Jogos Pan-Americanos de 2007, o Maria Lenk tinha uma piscina de aquecimento feita em um terreno irregular de Jacarepaguá. O aparato rachou, e um novo precisou ser moldado para a Rio-2016. É o principal ponto da reforma do equipamento, que atualmente está orçada em R$ 21,4 milhões (valor desembolsado pela prefeitura).

O evento-teste dos saltos ornamentais, que teve início no dia 19 de fevereio, já tem usado a nova piscina de aquecimento. Nos próximos meses, outra piscina precisará ser instalada no local.

“Nosso objetivo hoje é ter a melhor competição possível com as condições que nós temos e saber que os atletas estão confortáveis”, disse Cornel Marculescu, diretor-executivo da Fina. “Vamos ter três esportes neste equipamento. Não há problema. A venue é muito boa. O importante é que teremos uma piscina adicional na parte de trás para o nado sincronizado e outra piscina adicional apenas para o polo aquático. A dificuldade não é apenas a agenda de competição, mas a agenda de treinamento. Por isso nós precisamos de duas novas estruturas. Assim, o nado sincronizado e o polo terão espaço para treinar”, completou.

Diante da pressão da Fina, não havia orçamento para construir uma segunda piscina de aquecimento. A solução foi retirar um aparato que seria instalado no Parque dos Atletas, construído na área que normalmente recebe o Rock in Rio.

A ideia do Parque dos Atletas era ter um espaço perto da Vila Olímpica para os atletas poderem treinar durante os Jogos. O equipamento teria três piscinas provisórias, construídas com recurso do governo federal.

A menor dessas piscinas, com 15m x 24m, vai ser erguida no Maria Lenk. O governo federal ainda não iniciou sequer a licitação, mas a estimativa é que todo o projeto custe entre R$ 23 milhões e R$ 24 milhões (incluindo compra dos tanques, montagem e desmontagem). Depois dos Jogos, os aparatos equiparão a Unifa (Universidade da Força Aérea).

Um dos motivos para o orçamento não ter sido fechado é justamente a mudança de uma das piscinas para o Maria Lenk – o custo será incluído no projeto. Também não existe um cronograma para conclusão da obra.

Topo