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Cielo precisa de mais vitórias para melhorar a confiança, diz seu técnico

Fábio Aleixo/UOL
Após frustrações em 2015, Cesar Cielo terá um calendário muito mais cheio no próximo ano imagem: Fábio Aleixo/UOL

Guilherme Costa

Do UOL, em Palhoça (SC)

A saída de Cesar Cielo pegou a todos de surpresa. Seu técnico Arilson Silva não falou com o nadador depois do caso, mas afirma que houve um problema pessoal e agora já pensa em como recuperar o pupilo para 2016, ano de mais uma seletiva e de Olimpíada. O diagnóstico inicial da comissão técnica que trabalha com Cielo é que ele precisa de confiança para recobrar o bom rendimento. E que para isso é fundamental que o nadador volte a vencer. Portanto, a ideia é que a temporada do atleta tenha muito mais competições em 2016.

“Em termos físicos e técnicos, ele é absolutamente fora da curva. Está pronto para fazer algo realmente espetacular. Mas a questão não é só isso: tem um ser humano ali, com uma cabeça, e a cabeça é que tem de tirar essas coisas. É preciso ganhar confiança e competir bem. Ele precisa de resultado”, disse o técnico Arilson Silva, que trabalha com o nadador desde o início deste ano, em entrevista exclusiva ao UOL Esporte.

O treinador e o atleta ainda não sentaram para conversar sobre o que aconteceu no Open de Palhoça. Cielo fez check-out no hotel e deixou a cidade de Santa Catarina, mas não estipulou sequer uma data para retomar os treinos. “A decisão foi de nível particular”, resumiu Arilson.

A cena parece repetida. Em abril deste ano, após ter deixado o Troféu Maria Lenk sem triunfos individuais pela primeira vez desde 2005, o nadador Cesar Cielo, 28, usou o calendário para se explicar. Disse que tinha planejamento moldado para um ápice no Mundial de esportes aquáticos de Kazan (Rússia), em agosto, e que esse cronograma não tinha como acomodar dois períodos de desempenho máximo. Depois de uma lesão no ombro esquerdo e de uma participação frustrante na primeira seletiva olímpica para a Rio-2016, contudo, é exatamente esse o desafio que o atleta terá na próxima temporada. Além de lutar com os reflexos de um ciclo cheio de percalços e de tentar recobrar a confiança, ele precisará de alto rendimento em abril para obter índice. Se conseguir, terá de estar bem preparado em agosto, data dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. E isso o fará ter um calendário muito mais cheio.

Arilson espera a divulgação do calendário 2016 da CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) para planejar quais competições Cielo pode disputar no próximo ano. Inicialmente, a ideia é fazer com que ele participe de provas no exterior a fim de retomar o ritmo de competição antes do Maria Lenk do próximo ano, marcado para abril. O torneio será no estádio aquático olímpico e servirá como segunda (e última) seletiva para os Jogos do Rio de Janeiro.

“Com a condição física e técnica, não estou preocupado. Agora, a questão de voltar a ter confiança nas competições existe, sim. Mas isso você consegue resolver melhorando resultados e botando o cara para competir cada vez mais”, avisou Arilson.

Em 2015, a diretriz de Cielo foi exatamente o oposto. O nadador ainda estava num processo de ganho de força quando esteve no Maria Lenk, no Rio de Janeiro. Ainda durante o torneio, avisou que não pretendia estar nos Jogos Pan-Americanos de Toronto e que priorizaria o Mundial de Kazan.

No entanto, Cielo não chegou bem ao Mundial. Após ter sofrido nas provas eliminatórias, foi apenas o sexto colocado nos 50m borboleta, prova em que defendia o bicampeonato. Um dia depois, deixou a Rússia alegando ter sentido dores no ombro esquerdo e deixou de disputar os 50m livre, distância em que havia sido vitorioso nas três edições anteriores.

A inflamação no ombro esquerdo fez Cielo parar por dois meses. Ele retomou os treinos apenas em outubro e fez dez semanas de preparação para a seletiva olímpica disputada em Palhoça (SC).

Na qualificação, Cielo fez 21s44 no revezamento 4x50m livre (com saída lançada) e já não ficou satisfeito. Depois, fez apenas 49s55 nos 100m livre, 11º tempo na prova em que detém o recorde mundial (46s9).

“Mesmo ele tendo se preparado bem, acho que na cabeça dele as dez semanas em nenhum momento seriam suficientes para colocá-lo em condição competitiva. O que ele mostrou nos treinos foi completamente diferente. Quando chegou a competição quando chegou a hora da decisão, alguma coisa aconteceu que não permitiu que ele desenvolvesse a performance”, avaliou Arilson. “Ele não estava treinado para 49s5. Ele podia ter sido muito mais rápido do que isso. Do jeito que a gente desenhou a prova, ele poderia ter nadado pelo menos para um 48s4 ou 48s5. Eu avaliaria a condição dele em uns 70% do ideal, mas isso não era algo para um 49s5”, completou.

Depois que saiu da piscina, Cielo ficou um pouco em uma tenda da CBDA e fez uma atividade na água para soltar a musculatura. Então, procurou dirigentes do Minas Tênis Clube e comunicou que deixaria a seletiva olímpica. 

Isso criou na CBDA até uma incerteza sobre o futuro da comissão técnica de Cielo. O nadador mudou quatro vezes de treinador desde 2012. Em dezembro do ano passado, após ter sido superado por Bruno Fratus na decisão dos 50m livre no Open, que foi disputado em Porto Alegre, ele também abandonou a competição antes do término. Depois disso, reformulou o estafe que trabalhava com isso e moldou a equipe multidisciplinar liderada por Arilson.

A comissão técnica gerou questionamentos na CBDA. Pessoas da confederação avaliaram o grupo como excessivamente técnico e um pouco permissivo, o que combinava pouco com o perfil competitivo de Cielo. Depois do Mundial de Kazan, ainda que tenha preservado Arilson, ele fez mudanças no tipo de trabalho que vinha realizando.

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