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Ícone da Olimpíada de 1996, Marcia Fu ainda sente dores por causa do vôlei

Guilherme Costa e Karla Torralba

Do UOL, no Rio de Janeiro e em São Paulo

Olimpíada de Atlanta, 1996. Naquele Brasil e Cuba, pela semifinal olímpica do vôlei feminino, Márcia Fu, hoje com 46 anos, foi uma das figuras mais marcantes. Vibrou, gritou, xingou, foi para cima das cubanas quando o clima esquentou entre as equipes. Não deixou de brigar um minuto pelo jogo e pelo grupo da seleção brasileira.

Em sua terceira Olimpíada, aos 27 anos, era a oportunidade de ganhar a primeira medalha olímpica do Brasil no vôlei feminino. A chance de disputar o ouro escapou de suas mãos na derrota brasileira contra Cuba. A medalha veio, mas de bronze. Dezenove anos depois de sua última Olimpíada, Márcia Fu sente as sequelas que o esporte deixou e que já a prejudicava em Atlanta. 

Depois de 1996 não houve mais oportunidade para disputar o lugar mais alto do pódio no maior evento esportivo do mundo. No entanto, o sentimento foi de ter dado o seu máximo. Ela estava cansada. Foram três Jogos Olímpicos, o primeiro quando tinha apenas 19 anos, em 1988, na Coreia do Sul. 

Um ano depois de Atlanta-1996 pediu dispensa da seleção para nunca mais voltar.

“Eu pedi dispensa porque não aguentava mais jogar, tinha várias cirurgias no joelho, no ombro e, para mim, não dava mais. Eu fiz o que pude na Olimpíada de Atlanta, mas não aguentava mais o ritmo por saúde. Mas claro que pela minha cabeça, eu estaria jogando até hoje. Eu tenho certeza que eu fiz meu máximo. Quando eu pedi dispensa, eu tive certeza que fiz o que pude, foi por causa do meu corpo”, contou Márcia Fu em entrevista ao UOL Esporte.

Dezoito anos depois de pedir a Bernardinho para não ser mais convocada para a seleção brasileira, Márcia Fu mora em Minas Gerais, trabalha com uma ONG para levar o esporte a crianças, tem um filho pequeno, e ainda sofre com as dores que a obrigaram a deixar a equipe.

“Eu sinto dor no ombro até hoje. Quando está frio, eu não consigo nem dormir. Isso foi uma coisa que o vôlei me deixou por causa da cirurgia. Foi uma cirurgia no ombro direito e sete no joelho, porque o nosso corpo exigia demais. A gente não tinha tempo de descanso, era um torneio em cima do outro, era difícil o corpo recuperar”, explicou.

O médico Serafim de Almeida Costa trabalhou com Márcia Fu na seleção brasileira, além de outras estrelas que defenderam o Brasil em 1996 e explica que o esporte de alto nível como é no vôlei feminino, não é saudável. “Se você treinar todo dia com grande intensidade, vai acabar pagando um tipo de preço. Há certa convivência com dor nesse nível. Elas (as meninas do vôlei) tinham um treinamento intenso e trabalhavam no limite, mas havia uma preocupação de dosar e respeitar a atleta. Se você tem atletas de voleibol que fazem 200 saltos por dia durante anos, por exemplo, um ou outro vão apresentar lesões por estresse”, analisou doutor Serafim.

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