! De quase aposentada a decisiva, Célia esbanja frieza na seleção de handebol - 12/12/2015 - UOL Olimpíadas

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De quase aposentada a decisiva, Célia esbanja frieza na seleção de handebol

Gustavo Franceschini

Do UOL, em Kolding (Dinamarca)

A vinte segundos do fim, o árbitro aponta uma cobrança de sete metros que pode dar a vitória ao Brasil. Duas melhores do mundo em quadra, um time campeão há dois anos e a cobradora sai do banco de reservas depois de mal ter entrado durante todo o jogo. Célia foi, bateu e manteve vivas as chances da seleção, que venceria a França nos segundos finais.

Se Dara teve a chance de fazer o gol decisivo do meio da quadra, o mérito também é da paranaense que, aos 35 anos, está só no segundo Mundial da carreira. Em 2013, porém, ela por pouco não abandonou as quadras.

“Eu não esperava mais ser chamada. Eu fui com o Morten [Soubak, técnico do Brasil] em 2009, na China, e parei de ser chamada em 2010. Não fui em 2011 no Brasil e nem em 2013. Combinei com meu marido de que ia parar de jogar. Parei de fazer academia e estava pensando em ter filho. E aí em 2014 veio a convocação”, disse Célia, que sente um gostinho especial por fazer parte do grupo que busca o bi na Dinamarca.

“Eu recebi as convocações do Pan e do Mundial chorando. Como eu jogo no Brasil, sei que preciso correr atrás porque as meninas estão na Europa. Ficar fora e retornar assim é muito especial”, disse ela após a vitória emocionante sobre a França por 21 a 20.

O duelo era fundamental para a seleção, atual campeã mundial. Vencer a França significava passar na primeira colocação e pegar uma chave mais fácil no mata-mata. Célia foi pouco utilizada por Morten, mas cumpriu seu papel de especialista e entrou apenas para converter dois sete metros fundamentais, o último deles decisivo para o desfecho da partida.

“Eu já estava esperando. A Ana Paula e a Alê [outras batedoras] já tinham me avisado que se tivesse um sete metros era para eu me preparar. Aqui no grupo todo mundo tem seu valor. Eu não pude jogar na minha posição, mas contei com a confiança de todo mundo para ajudar na hora que precisou. E é um peso. Ninguém quer ficar marcada por errar ali”, disse Célia.

Ter a responsabilidade de cobrar o “pênalti” do handebol em um momento desses não é para qualquer um. A responsabilidade normalmente fica restrita a um número pequeno de atletas, que se prepara especificamente para isso. Além da técnica, pesa também a capacidade mental de quem pega a bola bater.

“Eu acho que a idade me fez amadurecer. Eu busco a excelência sempre. Ontem [quinta] eu errei algumas bolas com a Argentina e fiquei mal com isso. Acordei de madrugada pensando que eu deveria ter feito. Se eu erro hoje seria um peso enorme, poderia definir nossa vida no Mundial”, definiu Célia. 

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