Vídeos

Obsessão pela Olimpíada de 2016 faz Ana Claudia só ver números na rua

Agência Luz/BM&FBOVESPA
Ana Cláudia Lemos (centro) procura marcas que deseja atingir em 2016 em placas de carro e até em peças de queijo imagem: Agência Luz/BM&FBOVESPA

Guilherme Costa

Do UOL, no Rio de Janeiro

Você sabe qual é a relação entre peças de queijo e as Olimpíadas de 2016, que serão sediadas no Rio de Janeiro? O alimento é uma das representações da obsessão que a brasileira Ana Cláudia Lemos, 27, tem com os Jogos. Preocupada com as marcas que pretende atingir no próximo ano, a corredora especializada em provas de velocidade (100m e 200m rasos) tem feito um trabalho de mentalização dos objetivos que persegue nas pistas. Por causa disso, busca os “números mágicos” em compras e até em placas de carros.

“Tem um queijo também que o meu noivo gosta. Quando ele vai comprar, tem de escolher sempre um que tenha um valor referente a um tempo em que eu gostaria de correr”, relatou a brasileira. “Ele fica procurando na prateleira, chega em casa e fala que é a marca para o próximo ano ou para o próximo treino”, completou.

O queijo é apenas uma das representações da obsessão de Ana Cláudia com o tempo. A outra é uma observação sobre placas de carros. “É algo que eu costumo olhar quando passo pela rua. Se vejo um 1090, por exemplo, assimilo o resultado que eu quero nos 100m. Se é um 2230, penso no que eu quero fazer nos 200m”, disse a corredora.

Ana Cláudia esteve nas duas últimas edições de Jogos Olímpicos (Pequim-2008 e Londres-2012). Atual recordista brasileira dos 100m e dos 200m rasos, ela venceu neste ano pela primeira vez a marca dos 11s na prova mais curta – fez 10s96 no Pan de Toronto, mas o resultado não foi homologado por causa do vento acima do permitido pela Iaaf (federação internacional de atletismo, na sigla em inglês).

O Pan também foi marcado por um momento triste para Ana Cláudia. A pouco mais de 50 metros do fim da eliminatória dos 200m, a brasileira sofreu uma lesão no músculo posterior da coxa direita e teve de abandonar a prova. Ela retomou os treinos apenas dois meses depois, em setembro, e ainda está tentando retomar o ritmo.

“Eu coloco metas diárias nos treinamentos. A primeira é sempre cumprir o treinamento e atingir os tempos pedidos, mas eu fico o tempo todo pensando no que eu posso fazer no ano seguinte e nos meus tempos”, disse Ana Cláudia.

Parte da relação com as metas é o trabalho de mentalização. A técnica é difundida entre outros atletas – o nadador César Cielo, por exemplo, costuma escrever bilhetinhos com os tempos que pretende atingir e colar os papéis pela casa –, mas o curioso é o quanto Ana enxerga marcas em lugares como placas de carro e preços de peças de queijo.

“Já faz tempo que eu faço isso: fico olhando e assimilo um resultado. Eu contei para algumas pessoas neste ano, mas a única pessoa que sabia era o meu noivo”, comentou a corredora.

Com tamanha preocupação com as marcas, o descanso também tem sido um esforço para Ana Cláudia. A atleta brasileira mantém uma rotina fora das pistas, ainda que respeite aspectos como alimentação e descanso: “Não dá para pensar em Jogos Olímpicos 24 horas por dia até lá”.

Desde que ela não tenha de escolher uma peça de queijo, é claro. Se você encontrar Ana Cláudia ou o noivo na gôndola de um supermercado, vai ser fácil perceber que também não é nada fácil deixar de pensar nos Jogos.

Topo