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Vanderlei Cordeiro apoia pena à Rússia, mas condena generalização em doping

AFP
Abordado por ex-padre irlandês no meio da prova, brasileiro Vanderlei Cordeiro de Lima virou exemplo de jogo limpo e de valores olímpicos imagem: AFP

Guilherme Costa

Do UOL, no Rio de Janeiro

Sim à punição e não à generalização. Essa é a reação do brasileiro Vanderlei Cordeiro de Lima, 46, medalhista de bronze na maratona dos Jogos Olímpicos de Atenas-2004, ao recente escândalo de doping envolvendo o atletismo da Rússia. Na última sexta-feira (13), a Iaaf (federação internacional de atletismo, na sigla em inglês) anunciou que o país europeu foi suspenso por período indeterminado e colocou em risco até a participação dos russos na Rio-2016 – o prazo para qualificação termina no dia 11 de julho do próximo ano, e eles precisarão findar a punição para registrar marcas a tempo.

“Você não pode generalizar e fazer com que outros atletas sejam privados da oportunidade de estar nos Jogos Olímpicos. É claro que a punição deve existir, mas não sei de que forma isso interferiu na vida dos atletas da Rússia. Não acredito que isso tenha sido feito de forma generalizada, envolvendo todos os atletas”, disse o brasileiro.

Vanderlei liderava a maratona de Atenas até o 35º quilômetro, quando foi interpelado por um ex-padre irlandês chamado Cornelius Horan. O espectador invadiu a prova, abraçou o corredor e o tirou da pista – o brasileiro conseguiu se desvencilhar e voltou, mas acabou ultrapassado no trecho final da prova. O roteiro transformou Vanderlei em símbolo do jogo limpo e dos valores olímpicos.

“Isso para nós não é muito bom. Não traz uma imagem positiva para o olimpismo, mas tem de haver a transparência e temos de cobrar o jogo limpo. A Olimpíada é isso: lutar dentro das suas condições reais. Espero que isso aconteça e que os atletas que não fizeram nada não sejam prejudicados”, cobrou o maratonista.

A suspensão dos russos aconteceu depois de denúncia de um comitê independente da França. Segundo eles, atletas do país soviético – incluindo medalhistas olímpicos – teriam sido flagrados em exames antidoping, mas tiveram resultados encobertos em esquema que envolveu o senegalês Lamine Diack, ex-presidente da Iaaf.

Na segunda-feira (09), depois da divulgação dos resultados, a Wada (agência internacional antidoping) recomendou à Iaaf a suspensão dos russos e o banimento de atletas e técnicos citados no relatório do comitê.

“A gente já viu alguns casos nos Estados Unidos, de entidades e laboratórios envolvidos. Tudo passa a se duvidar a partir de agora. Resta ao COI e à Iaaf buscarem um meio para o esporte ser muito mais transparente. É um momento importante para o esporte mundial – principalmente para o atletismo”, finalizou Vanderlei.

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