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Ele tentou de tudo no esporte. Agora, é o voluntário mais velho da Rio-2016

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Gilvan de Lacerda, 87, é o candidato mais velho entre os que se inscreveram no processo de seleção de voluntários para cerimônias da Rio-2016. imagem: Reprodução / TV

Guilherme Costa

Do UOL, no Rio de Janeiro

O esporte poderia significar frustração para Gilvan de Lacerda, 87. O engenheiro aposentado tentou ser árbitro e jogador de futebol na década de 1940, mas esbarrou em um veto do próprio pai. Em 1950, viu sozinho na arquibancada a derrota do Brasil por 2 a 1 para o Uruguai e saiu do estádio contabilizando faixas verde-amarelas de “campeão mundial” que foram atiradas no Maracanã. O discurso dele, contudo, não tem nada de amargura. Gilvan se inscreveu no processo de seleção de voluntários para a abertura dos Jogos Olímpicos de 2016, que serão realizados no Rio de Janeiro, e pode ser o mais velho entre os figurantes da cerimônia que marcará o início da competição poliesportiva.

“Vai ser a última chance da minha vida – até porque eu não estarei por aqui quando tiver outra Olimpíada no Brasil. Sempre assisti aos Jogos e quero desfrutar o momento mais próximo do evento”, disse o aposentado ao UOL Esporte.

Descendente de holandeses, Gilvan nasceu em Recife-PE e se mudou para o Rio de Janeiro com a família quando tinha seis anos. Em terras cariocas, descobriu o futebol e se apaixonou pelo esporte. Nessa época, começou a ter problemas com as restrições que o pai tinha sobre o tema: “Ele achava que era coisa de vagabundo. Levei muita surra por jogar futebol escondido”.

A situação foi ainda mais extrema depois que Gilvan começou a trabalhar na Light, empresa que comercializa e distribui energia elétrica no Rio de Janeiro. A partir de um convite de um companheiro de trabalho, foi participar de um treino no Bangu, jogou como lateral direito e causou boa impressão na comissão técnica.

“Quando acabou o treino, o técnico me deu um documento e pediu para o meu pai assinar porque eu era menor – tinha 17 anos. Meu pai não aceitou, e ele foi até a minha casa. Meu pai quase bateu no homem”, relatou Gilvan.

O veto do pai no futebol aconteceu em 1945. Anos depois, Gilvan foi chamado para apitar um jogo de futebol e flertou mais uma vez com uma carreira no esporte. Novamente, contudo, parou logo no início.

A terceira grande frustração que o futebol causou para Gilvan aconteceu em 1950, na partida que definiu o título da Copa do Mundo: “Foi um dos dias mais tristes que eu já conheci. Ainda sei de cor as escalações de Brasil e Uruguai”.

Nos anos seguintes, porém, Gilvan seguiu acompanhando o esporte. “Quando veio a decisão de que a Olimpíada seria no Brasil, vi um momento novo na minha vida. Comecei a ver naquilo uma maneira de confraternizar. Gostaria de ver a alegria das pessoas e estar com elas naquele momento importante”, completou o candidato a voluntário.

A média dos inscritos até aqui é de 31 anos. As cerimônias de abertura e encerramento dos Jogos Olímpicos de 2016 terão um total de 12 mil voluntários, e o único requisito para as pessoas que quiserem participar é que elas tenham pelo menos 16 anos em 1º de abril de 2016.

As inscrições de voluntários vão até esta quarta-feira (30) e são feitas totalmente online (o endereço é cerimonias.rio2016.com). As audições com os escolhidos serão feitas em novembro de 2015.

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