Vídeos

Ídolo de Scheidt, dono de ouro olímpico trabalha de graça na Rio-2016

Guilherme Costa/UOL Esporte
Alex Welter, medalhista de ouro na vela em Moscou-1980 e voluntário na Rio-2016 imagem: Guilherme Costa/UOL Esporte

Guilherme Costa

Do UOL, no Rio de Janeiro

Alexandre Welter, 62, é um engenheiro mecânico apaixonado por vela. Foi pensando em se aproximar do esporte que pratica até hoje que o paulista se inscreveu no programa de voluntários dos Jogos Olímpicos de 2016, que serão realizados no Rio de Janeiro, e conseguiu uma vaga na comissão de regatas do evento-teste desta semana na Baía de Guanabara. Entretanto, Welter não é qualquer fã. Na relação com as pessoas do meio, ao contrário, está muito mais para ídolo: medalhista de ouro em Moscou-1980, ele foi uma das referências para astros como Robert Scheidt, a quem chegou a dar autógrafo.

“Em 1980 eu tinha sete anos e estava no Yacht Club Santo Amaro quando ele chegou com a medalha de ouro em um carro de bombeiros. Eu pedi um autógrafo para ele”, relatou Scheidt, dono de cinco medalhas olímpicas (dois ouros, duas pratas e um bronze). “Aquele momento eu nunca esqueci”, completou.

Welter venceu o ouro olímpico de 1980 na classe Tornado, velejando ao lado de Lars Björkström. O Brasil foi apenas 23 vezes ao topo do pódio nos Jogos.

“A vivência que nós tivemos lá foi um auge. Nada é melhor do que você ganhar uma Olimpíada, e tudo para nós foi marcante. Até a presença do pessoal que estava lá trabalhando como voluntário. Isso de certa forma também me inspirou para estar aqui contribuindo”, disse o medalhista de ouro de 1980.

A ligação de Welter com a vela nunca foi profissional. Por isso, o brasileiro não se considera um atleta aposentado: “Eu velejo por lazer. Gosto do contato com o mar e com a água, mas sou engenheiro mecânico. Tenho uma empresa própria e atuo na área de máquinas operatrizes para o segmento da indústria”.

O evento-teste da vela para a Rio-2016 começou no último fim de semana, e Welter teve de se ausentar da empresa. Ele deixou o mundo corporativo para voltar a conviver com um ambiente em que é reconhecido – e idolatrado em muitos casos.

“Eu conheço muita gente. Vira e mexe eu cruzo com pessoas da minha época, da minha geração”, contou o velejador. “Adversários diretos eu encontrei dois. Um está como técnico da equipe americana [da classe] Nacra, e o outro é o inglês David Howlett, técnico dos alemães. Nós fomos competidores na década de 1970 e foi um encontro fantástico porque não nos vimos nas últimas décadas”, adicionou Welter.

Guilherme Costa / UOL Esporte
Clinio Freitas, medalhista de bronze na vela em Seul-1988 e voluntário na Rio-2016 imagem: Guilherme Costa / UOL Esporte
O caso do medalhista de ouro de 1980, contudo, não é o único. Clinio Freitas, bronze na classe Tornado nos Jogos Olímpicos de Seul-1988, também é voluntário da Rio-2016 e trabalha como segurança de raia no evento-teste. Ele ainda esteve em Barcelona-1992 como atleta, em Atlanta-1996 como técnico da dupla Lars Grael e Kiko Pelicano (que ficou com o bronze) e em Sydney-2000 como diretor de logística.

“É o hábito de participar. Já que não dava velejando, vim de voluntário”, disse ele. “Basicamente, a segurança é para impedir que alguém de fora interfira na regata. A gente coloca umas boias e fica ali orientando”, completou.

Clinio também se inscreveu no processo como um voluntário comum. A diferença é que, por conhecer as pessoas da vela, colocou na ficha um código que o direcionou para a modalidade.

Assim como Welter, Clinio teve de ausentar no trabalho para ser voluntário no evento-teste da vela. O medalhista de bronze de 1988 é dentista e tem um consultório em Niterói-RJ. “É um negócio mais complicado do que eu tinha pensado, mas está sendo bom”, encerrou.

Topo