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Técnico campeão mundial quer fazer Brasil relevante no tênis de mesa

Divulgação/CBTM
Francês Jean René-Mounie (à dir.) passa instruções para o jogador Hugo Calderano imagem: Divulgação/CBTM

Fábio Aleixo

Do UOL, em São Paulo

Implantar uma mentalidade vencedora para enfrentar de igual para igual os melhores do mundo e colocar os brasileiros em destaque no cenário do tênis de mesa mundial. Tarefa muito difícil sim, mas não impossível para quem em 1993 levou um francês, Jean-Philippe Gatien, a um inédito título mundial em um esporte dominado majoritariamente por asiáticos ao longo das últimas três décadas.

E foi com este objetivo que o treinador Jean René-Mounie desembarcou no país em 2009, contratado pela Confederação Brasileira de Tênis de Mesa para dirigir a seleção masculina. Seis anos depois, o Brasil ainda não fez nenhum campeão mundial da modalidade e ainda está bem longe disso. Mas os avanços são nítidos.

Hoje, o país conta com dois atletas entre os 60 melhores do mundo e os principais jogadores moram na Europa, defendendo equipes locais, casos de Gustavo Tsuboi (54º do ranking), Hugo Calderano (60º) e Cazuo Matsumoto (107º). Além disso, outros dois feitos recentes mostram a evolução do esporte.

Em outubro do ano passado, Calderano, de apenas 18 anos, conseguiu derrotar o ex-número 1 do mundo, o alemão Timo Boll. Em fevereiro, Calderano e Tsuboi foram vice-campeões do Aberto do Qatar. O torneio valia como uma etapa da Super Series do World Tour da Federação Internacional da modalidade. Seria o equivalente a decidir um Grand Slam no tênis de campo. Na hierarquia de resultados do tênis de mesa, apenas o Campeonato Mundial e os Jogos Olímpicos superam em importância os Super Series – as finais do World Tour, por exemplo, valem o mesmo no ranking mundial.

“Quando cheguei aqui, vi que os brasileiros tinham muito talento e técnica. O diferencial foi otimizar a parte mental. Trabalhei muito nisso. Há seis anos, os jogadores não tinham uma cabeça tão forte, uma mentalidade vencedora. Hoje, isso é totalmente diferente. Houve uma evolução muito grande”, disse Mounie ao UOL Esporte.

Para ajudar neste trabalho de criar uma mentalidade vencedora, Mounie conta com o apoio de François Ducasse. Ex-jogador de tênis, ele é um dos principais psicólogos esportivos do mundo e desenvolve trabalhos em diversas federações na Europa e na Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). É autor de um livro que se tornou referência no campo motivacional chamado “Cabeça de Campeão”.

“Há dois anos começamos este trabalho juntos no Brasil. Ele vem ao país uma vez por ano para conversar com os atletas e passar suas experiências”, disse Mounie.

“Fiz a preparação com ele para o Mundial por equipes, no ano passado. Foi muito interessante. Fez um trabalho colocando perguntas individualmente e em grupo. Deu uma ajuda a mais no começo do torneio, nos motivou ao mostrar o que poderíamos alcançar. Todos fizemos um ótimo torneio. Uma parte positiva pode ter sido dessa ajuda psicológica”, reconheceu Cazuo Matsumoto.

Mounier, que tem 42 anos e já fala português fluentemente, se empolga ao comentar o trabalho desenvolvido no Brasil e com o potencial que vê nos atletas do país. Entretanto, mantém os pés no chão. Sabe que mesmo com a Olimpíada de 2016 sendo disputada no Rio de Janeiro, a chance de se conseguir uma medalha é mínima, para não se dizer nula. O foco está em 2020, 2024.

E o treinador evita dar passos maiores do que as pernas. Pensa em subir degrau a degrau. Uma nova oportunidade para isso se dará a partir de domingo com o Campeonato Mundial na cidade Souzhou (CHN).

“Não gosto de colocar uma meta precisa, pois isso joga ainda mais pressão sobre os atletas. Mas acredito que dá para brigar por equipes, alcançar as quartas de final, o que já seria uma grande resultado”, afirmou.

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