Vídeos

"Maurren não baterá mais recordes. Mas pode ser competitiva", diz técnico

AFP PHOTO/Mauricio Lima
Maurren Maggi e Nélio Moura desfilam em carro aberto após os Jogos Olímpicos de Pequim-2008 imagem: AFP PHOTO/Mauricio Lima

Bruno Doro

Do UOL, em São Paulo

Em 2006, Maurren Magi voltou a competir após quase três anos parada. Dois anos depois, conquistou a medalha de ouro nas Olimpíadas de Pequim. Após uma breve aposentadoria, Maurren voltou às pistas no ano passado. Novamente, dois anos antes de uma Olimpíada. As chances de repetir o feito existem. Mas são menores do que aquela da década passada.

O próprio técnico da atleta, Nélio Moura, técnico dos dois campeões olímpicos do salto em distância de 2008 (o outro foi o panamenho Irving Saladino), admite isso. “Não dá para falar em número para a Maurren nesse retorno. Mas ela não vai voltar a saltar 7,20 metros [seu recorde é 7,26m]. É uma questão biológica, até. Mas pode ser competitiva”, avisa o treinador.

Hoje, para ser competitiva, Maurren precisaria voltar ao patamar de 2012. No ano da última edição dos Jogos Olímpicos, ela saltou 6,85m. No ano passado, apenas dez atletas de todo o planeta superaram essa distância. Quanto falta para isso? Nélio terá a primeira resposta no mês que vem, quando ela deve voltar a competir.

“Ainda não fizemos nenhuma avaliação específica, mas estamos vendo evolução semana a semana. Ela está ficando mais forte, mais rápida, está fazendo o salto com a técnica que fazia antes. Está progredindo. Mas só com as primeiras competições, nos próximos 30, 60 dias, é que teremos uma posição mais segura”, avalia Nélio.

Em novembro de 2014, Maurren se mostrava empolgada com o treinamento. Em conversa com o UOL Esporte na pista do Ibirapuera, ela já admitia que estava “acompanhando o ritmo da molecada de 20 anos – e sem dor”. “Quer dizer, as dores musculares que tenho, todo mundo tem. Estou muito bem, estou segura”, disse, na época.

“Esse retorno sempre é difícil. Ela teve uma preparação muito interrompida no ano passado, treinando muito pouco. Ela sempre se adaptou rapidamente, mas estamos conhecendo uma nova Maurren. É um momento novo. O positivo é que ela está respondendo bem ao que estamos fazendo”, comemora o treinador.

O problema é que o apoio para esse retorno ainda não apareceu. Maurren está sem patrocinadores desde a aposentadoria. Também não fechou com nenhum clube. Situação muito parecida com a de outros oito atletas que treinam com Nélio e sua mulher, Tãnia, no Ibirapuera. “É um momento difícil. Quando o Brasil ganhou o direito de sediar as Olimpíadas, achamos que viveríamos oito anos de êxtase esportivo. Mas quanto mais perto você chega da Olimpíada, menos alternativas aparecem. Hoje, tenho um grupo de oito atletas, alguns deles são número 1 do Brasil, como o Jonathan Silva, a Eliane Martins, o Jefferson Sabino, e eles estão sem clube. A Bolsa Pódio do governo federal, o programa Talento Esportivo do governo do estado de São Paulo e o patrocínio da Caixa para a CBAt ajudam, mas são insuficientes para custear a melhor preparação possível”, reclama.

Topo