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Astro do polo mundial é brasileiro. Mas ele prefere jogar pelos EUA

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Tony Azevedo nasceu no Rio, mas com 4 meses de vida foi para os EUA imagem: Julio Cortez/AP

Daniel Brito

Do UOL, em Brasília

O assédio foi grande. A pressão é tremenda, mas Tony Azevedo, 33, um dos maiores jogadores de polo aquático do mundo, já fez sua escolha. Disputará os Jogos Olímpicos do Rio-2016 pelos Estados Unidos. Isso, claro, se a seleção se classificar, o que não parece um problema. Mas ele tinha opção. Foi sondado repetidas vezes pelos brasileiros para representar o país no próximo ano.

Disse não para todas as propostas.

Em novembro, quando conversou com o UOL Esporte, contou que havia sido procurado, mas recusara o convite. Nesta semana, reconfirmou a decisão: “Não vou defender o Brasil, vou jogar pelos Estados Unidos”, cravou, em mensagem de texto no celular.

Tamanha procura tem duas justificativas. A primeira, diz respeito à seleção brasileira de polo aquático. Para fazer frente às grandes equipes europeias que estarão no Rio-2016, o Brasil está montando um elenco estrelado de jogadores que tem, de alguma maneira, uma relação com o país. E aí entra o segundo motivo pelo assédio a Tony: ele é brasileiro de nascimento e é um dos maiores nomes da modalidade no momento.

Ele foi vice-campeão olímpico capitaneando a seleção dos Estados Unidos em Pequim-2008. Se garantir vaga no Rio-2016, fará sua quinta apresentação nos Jogos. No âmbito regional, ostenta a incrível marca de ter sido campeão Pan-Americano em todas as edições desde Winnipeg-1999. De lá para cá, foram quatro ouros continentais. Ele faz parte do hall da fama da modalidade na Califórnia.

Foi para lá que ele se mudou aos quatro meses de vida pelo pai, Ricardo Azevedo, que já jogou na seleção brasileira, e também foi treinador da equipe dos Estados Unidos. No início dos anos 1980, Ricardo foi estudar em Long Beach, na Califórnia, e conheceu Libby, americana, mãe de Tony. A família cresceu no oeste americano, apesar dos fortes vínculos brasileiros, sempre ligada ao polo aquático - a irmã de Tony, Cassie, também dedicou-se a uma carreira no esporte.

E é com um português carregado pelo típico sotaque de americano que Tony explica porque decidiu seguir com o que eles chamam de Team USA. “Nossa equipe de polo lá nos Estados Unidos está com um projeto legal, de unir uma garotada com muito talento e muita energia para representar o país. Eles me disseram que queria que eu continuasse na equipe. Eu queria continuar com eles. Então, deu tudo certo”, explicou.

Ele já defendeu clubes da Croácia e da Itália, chegou ao Brasil em 2013. Defende o Sesi-SP e já acumula o vice-campeonato nacional de 2013 e o título da temporada 2014. Foi o primeiro título nacional da equipe. Em uma emocionante disputa contra o Pinheiros, empatada em 11 a 11 no tempo normal, coube a Tony cobrar a última penalidade, convertida e comemorada como uma conquista inédita. “Quando meu contrato lá na Europa acabou, eu procurava um lugar para jogar e recebi a proposta do Sesi. Não pensei duas vezes, era exatamente o que queria”, comentou. “Espero estar ajudando a desenvolver o polo aquático no Brasil, porque gosto muito de estar aqui”.

Vestir a touca dos Estados Unidos nas piscinas do Rio em 2016, no entanto, não significa jogar fora de casa. Ele conta com o apoio da família Azevedo que ficou no país. “Brasil é meu segundo país, amo estar aqui e ter esta experiência de vida. Vai ser muito legal jogar diante da minha família. Espero entrar para a história com uma medalha olímpica no Rio”, afirmou.

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