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Obra olímpica derruba 298 árvores de parque tombado e gera protestos no Rio

Vinicius Konchinski

Do UOL, no Rio de Janeiro

A reforma da Marina da Glória para a Olimpíada de 2016 virou centro de mais uma polêmica olímpica. A obra causará a derrubada de 298 árvores do Parque do Flamengo, zona sul do Rio de Janeiro. O parque é uma área tombada cidade desde 1965. Por isso, manifestantes e políticos brigam agora pela paralisação imediata do projeto.

Inaugurada em 1977, a Marina da Glória será ponto de apoio das competições de vela durante a Olimpíada de 2016. Estrategicamente localizado à beira da Baía de Guanabara, o espaço servirá como estacionamento para os barcos que disputarão as regatas olímpicas daqui a 538 dias.

Para isso, porém, precisa de uma reforma orçada em R$ 60 milhões. E para abrir espaço para essa reforma, será necessária a derrubada de quase três centenas de árvores.

O corte das árvores foi solicitado pela companhia BR Marinas, administradora da Marina da Glória, e autorizada pela Smac (Secretaria Municipal de Meio Ambiente) do Rio. Advogados e políticos, entretanto, argumentam que o desmatamento é irregular pois será realizado num patrimônio da cidade. Agora, eles querem embargar a obra na marina.

“O Parque do Flamengo é uma obra de arte, tombada pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional)”, reclamou a jurista e presidente da Fam-Rio (Federação das Associações de Moradores do Município do Rio de Janeiro), Sonia Rabello, em artigo publicado em seu blog. “Qualquer alteração em sua cobertura vegetal constitui dano gravíssimo a este patrimônio.”

Rabello já foi vereadora no Rio. Hoje, apoia um movimento contra a reforma na marina, o Ocupa Marina da Glória.

Integrantes do grupo montaram um acampamento em frente à marina e estão coletando assinaturas contra a obra no espaço. No domingo, eles organizaram uma caminhada de protesto. O deputado estadual Dionísio Lins (PP) participou da manifestação e anunciou no ato que já solicitou ao Ministério Público a suspensão da derrubada das árvores.

“É revoltante alguém autorizar um crime ambiental como este”, disse Lins, durante o protesto. “O secretario de Meio Ambiente não sabe o que assinou.”

Procurada pelo UOL Esporte, a Smac ratificou a autorização para o corte de 298 árvores e informou que 30 delas já estão mortas. O órgão ainda afirmou que 3.082 novas árvores de Mata Atlântica serão plantadas para compensar o desmatamento autorizado. Não há data para o início do replantio.

A BR Marinas foi além. Informou que a questão paisagística da Marina da Glória está segue o que foi discutido com consultoria do escritório Burle Marx, responsável pelo projeto original do Parque do Flamengo. Declarou também que, além da compensação obrigatória pelo corte das árvores, vai doar à prefeitura o projeto para a criação de uma nova área de lazer dentro do Parque do Flamengo.

Por tudo isso, a empresa afirma que o projeto de reforma da Marina da Glória é benéfico à Olimpíada e a cidade do Rio de Janeiro como um todo.

Leia mais sobre o projeto para a marina, segundo a BR Marinas:

Dentre as mudanças que marcam a revitalização da Marina da Glória podemos destacar a principal preocupação com sua função primária, que é atender o setor náutico da melhor forma possível. Para isso, o espaço que conta hoje com 167 vagas para barcos dentro da água e 73 vagas secas, passará para 415 e 240 vagas, respectivamente. O número de lojas também sofrerá mudanças, sendo reduzido de 40 para 24.

Para incentivar a circulação de turistas e cariocas na marina, as 510 vagas de automóveis ficarão concentradas em um estacionamento único, em parte no subsolo (236 vagas), e haverá espaço para restaurantes. O projeto atual pretende ocupar uma área total de 12.261 metros quadrados, um terço do que o projeto da antiga concessionária previa.

Orçado em R$ 60 milhões e totalmente custeado pela BR Marinas, responsável por outras oito Marinas no país, o projeto é assinado pelo arquiteto Eduardo Mondolfo, que já trabalhou com Oscar Niemeyer (1907-2012) e é autor de prédios conhecidos, como o do Shopping Leblon e o Hotel Fasano.

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