O Brasil já havia batido o recorde em número de medalhas e ouros em uma única edição dos Jogos Paraolímpicos. Porém, o bicampeonato conquistado pela equipe do futebol de 5 na final contra a China por 2 a 1 fez com que o país ultrapassasse a Espanha no quadro geral e terminasse a competição em Pequim na nona colocação.
Com a maior delegação de sua história paraolímpica, o Brasil levou 188 atletas esperando pelo recorde, e foi correspondido. Ao todo, foram 47 medalhas, com 16 de ouro, 14 de prata e 17 de bronze, superando as 33 de Atenas-2004, até então a melhor campanha brasileira nos Jogos. Na Grécia, o país conquistou 14 douradas, 12 de prata e sete de bronze, ficando em 14º lugar no quadro de medalhas.
Na China, a natação e o atletismo foram os carros-chefes da delegação verde-amarela, com 19 e 15 medalhas conquistadas, respectivamente. Nas piscinas, Daniel Dias levou sete individuais e mais duas com o revezamento, sendo o atleta que mais angariou medalhas nos Jogos de Pequim. André Brasil faturou cinco, quatro delas, de ouro. O esporte ainda viveu o drama de Clodoaldo Silva, que às vésperas da estréia, foi obrigado a realizar uma reclassificação funcional, e mudou de classe, da S4 para a S5.
Abalado e abaixo do mesmo desempenho na categoria em que sempre competiu, não teve medalhas individuais, mas se superou no revezamento. Ele ganhou uma prata e um bronze com as equipes dos 4 x 100 m medley e livre e afirmou serem muito mais especiais do que as que obteve em Atenas. Na Paraolimpíada de 2004, a natação ficou com 11 medalhas no total.
Já o atletismo terminou com uma medalha a menos do que na competição ocorrida na capital grega, 15 contra 16. A prata ganha por Tito Sena ainda na noite desta terça-feira (horário brasileiro) na maratona classe T46 - para atletas amputados ou les autres (com má formação congênita), fez com que o país se aproximasse ainda mais do número de conquistas de Atenas-2004. Em Pequim, o grande nome foi Lucas Prado, que subiu ao lugar mais alto do pódio no Ninho de Pássaro nada mais do que três vezes, acabando com 100% de aproveitamento nas provas individuais.
Porém, esportes não muito tradicionais no Brasil fizeram história em Pequim. A bocha nacional estreou em uma competição paraolímpica e ganhou dois ouros e um bronze. A dupla formada por Dirceu Pinto e Eliseu Santos subiu ao lugar mais alto do pódio na China pela categoria BC4. Individualmente os atletas também fizeram bonito. Dirceu ganhou a medalha dourada competindo sozinho, e Eliseu a de bronze. Ele poderia ainda ter ficado com a prata, se os dois brasileiros não se encontrassem na semifinal da competição.
O tênis de mesa foi outro que levou uma medalha inédita, com a prata por equipes. Sem nunca ter alcançado ao menos a semifinal da modalidade, o Brasil, representado por Luiz Algacir e Welder Knaf, perdeu apenas para a França na decisão pelo ouro, após bater os favoritos chineses na fase anterior.
O judô, sempre forte no país, saiu de Pequim com cinco medalhas, uma a mais que nos Jogos de Atenas. Antônio Tenório, assim como em 2004, faturou o único ouro brasileiro, sagrando-se tetracampeão paraolímpico. A equitação, que nunca havia subido ao pódio da competição, ficou em Pequim com dois bronzes, ambos com o cavaleiro Marcos Alves, o Joca.
No quadro de medalhas, a China, assim como nos Jogos Olímpicos, liderou com novo recorde de 211 medalhas, sendo 89 de ouro. Na Grécia, há quatro anos, o país foi o vencedor com 141 no total. O Reino Unido se manteve na segunda posição, ultrapassando a marca das 100 medalhas, e viu os Estados Unidos subirem do posto de quarto colocado em Atenas, para o terceiro em Pequim.
O Canadá, terceiro em 2004 com 74 medalhas, caiu para o sétimo lugar na China, com apenas 50. O Brasil superou potências paraolímpicas como Espanha, Alemanha, França e Japão, deixando para trás os países que haviam ficado à sua frente em Atenas. Quem também deu um grande salto foi a África do Sul, do 13º, para o 6º lugar em Pequim, graças a nadadora Natalie Du Toit, maior medalhista de ouro do torneio, com cinco, e aos competidores do atletismo Hilton Langenhoven e Oscar Pistorius, com três medalhas douradas no total.
Cerimônia de encerramentoNa cerimônia que marcou o fim dos Jogos Paraolímpicos de Pequim, após 11 dias de disputas por 473 medalhas de ouro, fogos, danças, e o ritmo acelerado da cidade de Londres foram vistos pelos espectadores presentes no Ninho de Pássaro, estádio da abertura e do encerramento da competição chinesa.
Quem inaugurou a festa foram os atletas que deram, mais uma vez, um exemplo de superação e força de vontade. As delegações passaram pelo palco da festa, com seus destaques individuais carregando as flâmulas de seus países. Pelo Brasil, Daniel Dias, maior medalhista em Pequim, foi o porta-bandeira nacional. Na seqüência, a nadadora sul-africana Natalie du Toit, e o corredor Said Gomez, do Panamá, receberam o Prêmio Whang Youn Dai, entregue aos competidores que melhor representaram o espírito paraolímpico nos Jogos.
As arquibancadas, como em todos os dias de competições, repletas viram o discurso do presidente chinês, Hu Jintao, agradecendo a todos que fizeram dos Jogos em Pequim, o maior da história. Belas coreografias marcaram a cerimônia, com a formação de uma carta ao final, representando a Paraolimpíada que viria a seguir, a de Londres-2012. Após um pouco da tradição chinesa, a cultura inglesa invadiu o Ninho de Pássaro com guitarras e o tradicional ônibus de dois andares. Por fim, a pira paraolímpico teve sua chama apagada, encerrando de vez os Jogos de Pequim-2008.
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Atualizada às 11h25