Petrucio Ferreira bate novo recorde mundial e fatura ouro nos 100 m rasos
O brasileiro Petrucio Ferreira, 19, sobrou nos 100 m rasos da classe T47 dos Jogos Paraolímpicos de 2016, no Rio de Janeiro. Depois de ter batido o recorde mundial nas eliminatórias, ele baixou ainda mais a marca neste domingo (11) e conquistou a medalha de ouro ao cumprir a distância em 10s57. Yohansson Nascimento, 28, também do Brasil, fez 10s79 e ficou com o bronze.
"Passou todo um filme na minha cabeça, tudo que trabalhei. Aqueles dias que eu chorei no treino, que eu suei bastante, aqueles dias que eu cheguei em casa e quase não conseguia tomar banho de tão cansado. Eu diria que essa é a recompensa. Subir no pódio, escutar o hino nacional com toda essa torcida que está aí fora é uma alegria que nem eu sei explicar. Muito emocionante segurar essa dourada e ouvir o hino", disse Petrucio. "Queria muito fazer uma dobradinha aqui, mas estou feliz. Conquistei uma medalha para o povo brasileiro", completou Yohansson.
Yohansson fez o mesmo tempo do polonês Michal Darus, mas a imagem da chegada deu a prata ao europeu. Além disso, a foto confirmou a supremacia de Petrucio, que largou atrás dos rivais e venceu com incrível sobra.
O poder de aceleração de Petrucio era um dos motivos para ele ser considerado pelo CPB (Comitê Paralímpico do Brasil) a principal promessa do país no atletismo paraolímpico. O velocista consegue ganhar velocidade até a marca de 60 metros – a entidade tem um estudo que mostra que outros atletas da mesma classe aumentam as passadas até os 40 ou 50 metros.
Criado em São José do Brejo da Cruz, no sertão da Paraíba, Petrucio não teve qualquer rotina de atleta até os 17 anos. Foi descoberto ao participar de uma edição das Paraolimpíadas escolares em 2013, em João Pessoa, e só se inscreveu nessa competição porque um técnico havia ficado impressionado com a velocidade dele em uma partida de futebol.
“Ele é o Neymar do nosso atletismo”, classificou Edilson Alves da Rocha, diretor-técnico do CPB, antes do início dos Jogos Paraolímpicos deste ano.
O próprio Petrucio ainda lida com as consequências de ser neófito no atletismo. “Eu só conhecia o Bolt. Tinha visto ele correndo na TV”, contou o brasileiro ao site da Rio-2016.
Nos Jogos Paraolímpicos, contudo, a falta de experiência não tem atrapalhado o brasileiro. A despeito de a principal prova de Petrucio ser os 200 m rasos, ele sobrou nos 100 m rasos e bateu o recorde mundial duas vezes.
Evangelista deixa escapar medalha
Nos 100 metros rasos da classe T37, o brasileiro Mateus Evangelista não repetiu o desempenho das semifinais e terminou em quarto lugar com o tempo de 11s62. Caso obtivesse a mesma marca da etapa anterior, que foi 11s47, ele seria medalha de prata.
O Brasil soma agora 21 medalhas nos Jogos Paraolímpicos de 2016 (seis ouros, nove pratas e seis bronzes). O país segue na quinta posição do quadro orientado pelo número de ouros, dentro da faixa almejada pelo CPB para esta temporada.