Jogadores do Brasil abandonam concentração e são cortados no polo aquático
A comissão técnica da seleção brasileira masculina de polo aquático decidiu cortar do time que disputa a Rio-2016 os jogadores Paulo Salemi, 23, e Vinicius Antonelli, 26. Segundo a CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos), ambos deixaram a Vila dos Atletas sem autorização na noite da última terça-feira (16), depois de o time nacional ter perdido para a Croácia em partida válida pelas quartas de final.
A despeito de ter sido eliminado e de estar alijado da briga por medalhas, o Brasil ainda tem um compromisso na chave masculina de polo aquático. Na próxima quinta-feira (18), a seleção da casa enfrentará a Hungria em duelo válido apenas para definir quais posições os países ocuparão entre o quinto e o oitavo lugar.
Como tem esse jogo pela frente, a seleção seguiu concentrada na Vila Olímpica da Rio-2016, que fica na zona oeste do Rio de Janeiro. Segundo Ricardo Cabral, coordenador das seleções brasileiras de polo, os dois atletas saíram sem autorização. Assim que a notícia chegou ao croata Ratko Rudic, treinador da equipe nacional, ele exigiu que os jogadores fossem desligados da delegação.
“Eu não sei o que eles fizeram quando saíram ou em que estado estavam quando voltaram. Estávamos concentrados, e eu estava no meu quarto. Sei que eles estavam bem hoje [quarta-feira] de manhã, quando tomaram café conosco e admitiram que cometeram um erro”, relatou Cabral ao UOL Esporte.
Assim que o caso aconteceu, o coordenador enviou um e-mail ao COB (Comitê Olímpico do Brasil) justificando a postura incisiva de Rudic. Na mensagem, disse que os atletas não tinham histórico de problemas comportamentais em três anos com a seleção e que o episódio havia sido apenas pontual.
O episódio pontual, contudo, está longe de ser o primeiro caso envolvendo atletas de esportes aquáticos brasileiros na Rio-2016. Anteriormente, o mais emblemático havia sido entre Giovanna Pedroso, 17, e Ingrid Oliveira, 20, representantes do país na disputa sincronizada da plataforma de 10 metros nos saltos ornamentais.
Giovanna e Ingrid tiveram uma briga antes dos Jogos, em um treino, por causa da ordem em que as atividades seriam feitas. A rusga, na verdade, foi apenas o estopim de um ambiente que já vinha desgastado e que culminou com as duas disputando os Jogos Olímpicos sem sequer conversar.
Na Rio-2016, a situação teve ainda um novo capítulo. Ingrid iniciou um flerte com Pedro Henrique Gonçalves, 23, atleta brasileiro da canoagem, levou o rapaz para o quarto que dividia com Giovanna e pediu que a companheira se retirasse do aposento. Giovanna reclamou com o COB, que decidiu não tomar medida punitiva. Isso abriu um debate entre atletas que cobram mais comprometimento e outros que defendem que é possível conciliar competições como as Olimpíadas e hábitos cotidianos.
Também foi essa uma das razões de uma discussão entre os representantes brasileiros da natação. Houve debate acalorado sobre limites nos Jogos – segundo o jornal “Folha de S.Paulo”, os problemas de relacionamento no grupo também envolveram aspectos como tempo de permanência na Vila após o término da participação individual.
A CBDA já avisou que vai rever depois da Rio-2016 os critérios de convocação para atletas das seleções brasileiras de esportes aquáticos. Segundo a entidade, ainda que os episódios ocorridos nas Olimpíadas não tenham desfecho ou punição determinada, o comportamento terá um peso maior na elaboração de futuras listas.