Caso Ingrid gera polêmica no Time Brasil; COB tenta amenizar repercussão
A maior polêmica na delegação brasileira que disputa a Rio-2016 ainda pode reverberar, mas a ordem no COB (Comitê Olímpico do Brasil) é esquecer rapidamente a briga entre as atletas Giovanna Pedroso, 17, e Ingrid Oliveira, 20, que formavam a dupla nacional na disputa sincronizada de saltos ornamentais da plataforma de 10 metros.
Preocupados com a meta de pódios estabelecida para os Jogos Olímpicos deste ano, os dirigentes nacionais resolveram blindar Ingrid, que levou um atleta para o quarto na Vila Olímpica, e vão priorizar um trabalho para evitar que o assunto repercuta nos times que têm chances reais de medalha.
A ideia é não deixar que o assunto se torne a pauta principal do COB. Deixando a questão de Ingrid em segundo plano, o Comitê busca resolver o que mais lhe preocupa no momento: a ausência de medalhas em algumas modalidades. Em ligações feitas para diversos chefes de equipe após estourar a história, o discurso oficial parecia seguir um padrão: o caso envolvendo a saltadora ficou no passado e o foco deve ser nos resultados esportivos da delegação brasileira.
O COB definiu como objetivo na Rio-2016 a inclusão do Brasil no top 10 dos Jogos no quadro que contabiliza apenas o total de medalhas. Para isso, estima que o país precise somar algo entre 23 e 27 pódios. Foram apenas dois até agora (prata com o atirador Felipe Wu, 24, e ouro com a judoca Rafaela Silva, 24), e a repercussão do “caso Ingrid” tornou-se o principal temor dos dirigentes depois de a notícia ter vazado.
Ingrid levou para o quarto que dividia com Giovanna na Vila Olímpica o também atleta Pedro Henrique Gonçalves da Silva, 23, que representa o Brasil na categoria K1 da canoagem – competiu na última quarta-feira (10) e conseguiu o sexto lugar, algo inédito para o país.
O atleta compareceu ao programa " Balada Olímpica", da Rede Globo, mas se recusou a comentar o suposto envolvimento com a atleta, que teria sido o estopim para o conflito.
"E essa história de rede social, de namoro com a Ingrid na Vila Olímpica. Deu muita repercussão? Se você não quiser falar, não precisa falar", questionou Flávio Canto. "Já resolvi [o assunto]. Uma exposição desnecessária, mas eu estava muito focado em competir em alto nível e hoje eu mostrei o resultado. Só quero comemorar com a minha família, com os meus amigos e foi espetacular", respondeu o Pepeh.
Quando isso aconteceu, Giovanna, que estava brigada com a companheira de saltos e precisou deixar o quarto, procurou o COB para reclamar. A entidade decidiu conduzir o episódio de forma educativa, e não punitiva. Isso repercutiu entre os atletas brasileiros que estão na Rio-2016 – alguns cobraram comprometimento e regras mais duras, e outros defenderam que é possível conciliar vida pessoal e concentração nos Jogos.
É justamente por essa divisão que o COB ligou um alerta. Ingrid ainda compete na plataforma individual – a prova está marcada para o dia 17 –, mas a prioridade da entidade é conter o episódio antes que isso afete equipes que têm mais chances de medalha na Rio-2016.
“O assunto está encerrado. É uma questão interna. Temos outras preocupações nos Jogos”, disse Marcus Vinicius Freire, 53, diretor-executivo de esportes do COB. “Não vamos falar de projeções de medalha ainda. Vamos deixar as equipes trabalharem”, completou.
Marcus Vinicius, inclusive, não esteve no centro da questão de Ingrid na última quarta. O dirigente que comanda o Time Brasil foi à Arena de Vôlei de Praia para acompanhar o jogo decisivo de Alison e Bruno Schmidt em uma modalidade que causou sustos por conta de tropeços inesperados na primeira fase.
Como foi o início da briga entre Giovanna e Ingrid?
A briga entre Giovanna e Ingrid começou, na verdade, um pouco antes dos Jogos Olímpicos. As duas discutiram por causa da ordem de saltos em um treino, e isso serviu como estopim de uma relação que já vinha desgastada por questões como metodologia de trabalho e até o local em que as atividades eram realizadas – Giovanna é atleta do Botafogo, e Ingrid defende o Fluminense.
Desde o entrevero, as duas saltadoras pararam de conversar. Retomaram o contato para os Jogos Olímpicos, mas se limitaram a falar o protocolar e necessário para a competição. Terminaram na oitava – e última – posição na série final da plataforma de 10 m e anunciaram em seguida o fim da parceria.
Durante os Jogos, toda a condução disciplinar de casos como esse é responsabilidade do COB. O fato de Ingrid ter levado o namorado ao quarto é considerado pela entidade algo aceitável – prova disso é que 450 mil preservativos foram distribuídos na Vila dos Atletas neste ano. A questão tornou-se relevante apenas por ter extrapolado a vida íntima da atleta – gerou uma rusga na dupla que competiria na Rio-2016 e fez disso um assunto na delegação.