O estádio do Ibirapuera, na zona sul de São Paulo, hoje tem dois campeões olímpicos graças a um homem: Nélio Moura. Ex-saltador que, em seus dias de atleta nem mesmo pensava em ir para as Olimpíadas, treina os dois campeões do salto em distância dos Jogos de Pequim, na China.

Maurren Maggi, de 32 anos, é o trabalho da vida do treinador. Ele e sua mulher, Tânia, foram os responsáveis por acreditar na atleta aos 16 anos, em 1992, ainda juvenil. "Para falar a verdade, quando a conheci não acreditava muito, não", confidencia.

Já Irving Saladino é fruto recente. Panamenho de 25 anos, é o atual campeão do mundo e olímpico. Ele chegou ao Brasil há quatro anos, para treinar no centro de talentos da Iaaf (federação internacional da modalidade) para a América do Sul, em São Paulo. "O Irving é campeão do mundo e olímpico, mas ainda um trabalho em formação", analisa o técnico.

Além disso, Nélio também foi o responsável por Jadel Gregório ter chegado ao salto triplo. Foi ele quem insistiu para que o gigante de 2,02 m trocasse o salto em altura pela prova que consagrou Adhemar Ferreira da Silva, Nelson Prudêncio e João do Pulo. Sem contar a outra finalista olímpica do salto em distância brasileira, a pernambucana Keila Costa.

"Não vejo nada de segredo, alguma coisa que não seja de conhecimento dos outros técnicos, algo que não está disponível para os outros treinadores. O que a gente (ele e a mulher Tânia, também treinadora) conseguiu montar é um sistema baseado na formação de atletas que está à disposição de todo mundo. E esse sistema funciona na nossa realidade. Acho que o principal é isso", afirma, modesto.

Para os atletas que são comandados por ele, porém, a realidade é outra. "Ele é o melhor técnico do mundo para mim", afirma Irving Saladino, que promete ficar em São Paulo até 2012, para os Jogos de Londres.

Com mais de 30 anos dedicados ao esporte, a vida de Nélio foi praticamente toda centrada pelas pistas. Sua filha Larissa, por exemplo, a primeira com quem falou ao telefone após a vitória de Maurren, foi criada nesse ambiente. Tânia a levava para a pista de atletismo, assim como a hoje campeã olímpica faz com sua filha Sophia.

"Quando a Maurren começou a treinar com a gente, a Larissa ainda estava na barriga da Tânia. Então, ela viveu toda essa história. E hoje ela já está saltando. Quando ela ligou, eu não podia deixar de atender", afirma o treinador.

A exemplo de Nélio, a campeã olímpica brasileira já começou a iniciar a filha no atletismo. "Quem sabe daqui a 20 anos, a Sophia não volte para Pequim, como atleta? Ela já está saltando com a Tânia", brinca Maurren, falando de sua filha de três anos.

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