UOL Olimpíadas 2008 Notícias

22/08/2008 - 15h24

Após pódio, duplas brasileiras do vôlei de praia podem se desfazer

Lello Lopes
Em Pequim (China)
Bruno Império
Em São Paulo
A imagem de Márcio/Fábio Luiz e Ricardo/Emanuel juntos no pódio dos Jogos Olímpicos de Pequim pode ser uma das últimas das duplas brasileiras. Após as medalhas de prata e bronze conquistadas na China, as parcerias agora falam em reestruturação.

Embora o assunto não seja tratado abertamente, as duplas podem se desfazer. As mudanças, entretanto, só seriam realizadas no próximo ano, uma vez que tanto Márcio/Fábio Luiz quanto Ricardo/Emanuel buscam os títulos dos circuitos brasileiro e mundial de vôlei de praia.

Georgios Kefalas/EFE
As duplas brasileiras que conquistaram duas medalhas olímpicas, podem acabar
Carlos Barria/Reuters
Ricardo/Emanuel não deve ter mais pique para enfrentar mais um ciclo olímpico
Thomas Coex/AFP
Com problemas de patrocício, Márcio e Fábio Luiz também devem se separar
MAIS DO VÔLEI DE PRAIA OLÍMPICO
PERFIL DOS ATLETAS BRASILEIROS
"A gente tem que reformular o nosso trabalho. Vou fazer um planejamento para dois anos e depois me organizar. Um planejamento de quatro anos, como este que a gente fez, é muita coisa", disse Márcio, que nesta sexta-feira ficou com a medalha de prata após perder a final da Olimpíada para os norte-americanos Phil Dalhausser e Todd Rogers.

Uma crise envolvendo Márcio/Fábio Luiz com seu principal patrocinador pode acelerar o fim da dupla que tem o segundo lugar em Pequim como melhor resultado em três anos de parceria.

Antes mesmo de os Jogos começarem, a fabricante de medicamentos genéricos Medley decidiu romper o acordo com os atletas que, em má fase, corriam risco de perder a vaga olímpica para Pedro Solberg/Harley, apoiados pela mesma empresa, mas com investimento menor.

O contrato foi encerrado três meses antes do início da Olimpíada. Comunicado da decisão da empresa, o técnico Ronald Rocha, que também atua como uma espécie de empresário da dupla, decidiu não avisar os atletas para evitar que ambos não desestabilizassem e deixassem escapar a classificação. A parceria já estava estremecida por problemas de relacionamento entre os dois atletas, que chegaram a externar a situação com brigas até mesmo dentro de quadra.

"Achei melhor assim. Fizemos um trabalho de quatro anos e eu não podia colocar tudo a perder naquele momento. A Medley encerrou nosso contrato e eu fui enrolando eles. Administrando a situação para não criar mais um problema para o nosso time. Já estávamos vivendo problemas demais", disse Ronald Rocha.

Sem saber que não recebiam nenhum centavo da empresa, Márcio e Fábio Luiz seguiram disputando o Circuito Mundial com a marca do patrocinador em seus bonés e bermudas. Mas a estratégia de Ronald deu certo e a dupla garantiu a vaga justamente com uma vitória sobre Pedro Solberg/Harley nas semifinais do Aberto de Marselha. Na seqüência, conquistaram o único título desta temporada.

Já a dupla Ricardo e Emanuel conseguiu muito mais sucesso. Lado a lado desde o final de 2002, os jogadores conquistaram duas medalhas olímpicas (ouro em Atenas-2004 e bronze agora em Pequim-2008) e cinco títulos do Circuito Mundial.

"A gente tem que continuar. Uma dupla que conseguiu tantos bons resultados e tem tanta energia tem que continuar", disse Emanuel.

Mas a dupla não deve ter pique para encarar um novo ciclo olímpico. Os dois jogadores são veteranos. Emanuel, que disputou todas as edições do vôlei de praia nos Jogos Olímpicos, tem 35 anos, enquanto Ricardo chegou a Pequim com 33 anos.

"O nosso ciclo acabou. A gente vai ter que começar tudo de novo para um outro ciclo. Vamos conversar e ver o que cada atleta quer", disse Ricardo. O jogador, entretanto, deixou aberta a possibilidade de competir em Londres-2012. "Quero poder voltar às Olimpíadas para sentir isso", afirmou após ganhar a medalha de bronze em Pequim.

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