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21/08/2008 - 12h45

Pessoa perde a medalha no desempate, e hipismo fica sem pódio

Do UOL Esporte
Em São Paulo*
O hipismo brasileiro terminou os Jogos Olímpicos sem medalha, algo inédito desde 1996 para o país. Rodrigo Pessoa esteve em todas as conquistas desde Atlanta. Nesta quinta, ele chegou a ficar perto do bronze, mas terminou sem o pódio em Hong Kong e no quinto lugar na prova individual dos saltos.

Susan Walsh/AP
Camila Mazza, com Bonito Z, liderava até a etapa final dos saltos em Hong Kong
Jochen Luebke/EFE
Rodrigo Pessoa saltou com Rufus e chegou perto do pódio olímpico em 2008
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Pessoa teve a chance de medalha no desempate com mais seis conjuntos. Com Rufus, ele zerou o percurso decisivo, mas fez em 37s04, tempo maior que Beezie Madden, dos EUA, que ficou com o terceiro lugar do pódio.

O Brasil foi medalhista por equipes em Atlanta-1996 e Sydney-2000. Em 2004, na Grécia, Pessoa ficou com o primeiro lugar no individual. Em 2008, o time teve problemas com o cavalo de Doda, excluído antes da competição por contusão, e de Bernardo Alves, antes da final, eliminado no exame antidoping.

A final foi dividida em duas etapas nesta quinta-feira. A última, mais difícil, definiria o pódio olímpico. O primeiro a zerar na decisão foi o alemão Ludger Beerbaum. Mais tarde, Meredith Michaels-Beerbaum, outro conjunto alemão, também não cometeu erros e ficou como líder. Rodrigo Pessoa entrou na pista e saltou bem com Rufus no segundo percurso.

Ele fez o tempo de 77s58 e permaneceu apenas com os quatro pontos da primeira etapa da final, empatando com os alemães. Já Camila Mazza, que foi o primeiro conjunto do zerados na primeira etapa a saltar, cometeu duas faltas, somando oito pontos e já ficou fora da briga pelo pódio.

A partir daí, Pessoa, assim como fez em 2004, começou a torcer pelos erros dos rivais. Só assim teria chance de chegar ao pódio. O ginete precisava que nove cavaleiros errassem pelo menos um obstáculo para brigar pela medalha olímpica. Neste momento da prova, uma interrupção de 10 minutos deixou o cavaleiro na expectativa. A paralisação ocorreu por causa de um problema no obstáculo oxer.

CAMPEÃO JÁ FOI FLAGRADO
A primeira vez que Eric Lamaze foi pego no antidoping foi em 1996, perto das Olimpíadas de Atlanta, quando o exame detectou o uso de cocaína. Na ocasião, ele foi suspenso por quatro anos, mas conseguiu reduzir a pena para sete meses ao alegar que a droga não serviu para melhorar o seu desempenho esportivo.

Depois, em 2000, ele foi novamente flagrado pelo uso de substâncias presentes em dietas e para suavizar os efeitos do frio e foi banido das competições. Novamente, Lamaze conseguiu cancelar a punição ao alegar que os produtos proibidos não estavam devidamente catalogados.

Durante o período em que ele tentava evitar a sua expulsão das competições, Lamaze foi novamente flagrado no antidoping pelo uso de cocaína e conseguiu livrar-se de pena novamente. O argumento, dessa vez, foi de que a droga foi usada quando ele estava banido do esporte e não era mais, teoricamente, um atleta.
Contraditoriamente, o sueco Rolf-Goran Bengtsson não sentiu a parada, saltou logo em seguida e tirou a chance da repetição do ouro de Pessoa. Ele zerou o seu percurso e, como tinha zerado na primeira etapa, se encaminhou para o pódio. O mesmo fez Eric Lamaze, do Canadá, que decidiu o ouro em um desempate contra o europeu. Lamaze, bronze nos Jogos Pan-Americanos de 2007, acabou com ouro depois de fazer em menos tempo a disputa com Bengtsson.

Pela manhã no Brasil, no primeiro percurso do dia, Camila teve zero faltas e assumiu a liderança, dando esperanças aos brasileiros. Já Pessoa, com Rufus, teve quatro pontos por ter derrubado um obstáculo e chegou à decisão em 11º.

O campeão olímpico de 2004 foi o melhor brasileiro classificado às finais desta quinta. Nas eliminatórias, ele terminou em sétimo. Em Atenas, o ginete foi ao dia da decisão com oito pontos perdidos e ficou em segundo ao ver vários rivais errarem. A medalha de prata depois seria revertida em ouro após a constatação do doping do cavalo do primeiro colocado, o irlandês Cian O´Connor.

Apesar de não conquistarem medalhas, os dois brasileiros presentes na final desta quinta-feira se disseram satisfeitos com o resultado. "O Rufus fez uma ótima Olimpíada, o quinto lugar foi um bom resultado sim. Ele é muito novo, só tem 10 anos e com certeza poderá participar de mais uma edição dos Jogos", comentou Rodrigo Pessoa. "Lamento a falta que cometemos no primeiro percurso, foi por pouco".

Mazza só foi a 38º na fase inicial dos Jogos de 2008. Ao todo, teve 27 pontos perdidos, que foram zerados na final. Ela ficou como reserva e só saltou nesta quinta porque ocupou o lugar de um dos quatro conjuntos eliminados pela organização da prova. Entre estes, estava o de Bernardo Alves. O seu animal, Chupa Chup, foi pego no exame antidoping por uma substância proibida encontrada em um gel para massagem do cavalo.

A amazona era a reserva da equipe em Pequim, e foi alçada à condição de titular quando a égua de Doda Miranda, AD Picolien Zeldenrust, teve uma lesão diagnosticada.

"Estou muito feliz, não era nem para eu estar aqui nesta final. O Bonito foi maravilhoso, ele competiu de igual para igual com grandes conjuntos. Terminamos entre os 10 melhores na minha estréia em Jogos Olímpicos e isso foi inesquecível", comemorou Camila Mazza.

*Atualizada às 14h22

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