O incidente do sumiço de uma das varas de Fabiana Murer na final do salto com vara pareceu, aos olhos da delegação brasileira, a repetição de um pesadelo visto nas últimas Olimpíadas, também sofrido por um atleta do país: Vanderlei Cordeiro de Lima.
Para o presidente da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), Roberto Gesta de Melo, Fabiana foi prejudicada em sua busca por medalha olímpica assim como o maratonista quatro anos atrás, que foi atacado por um manifestante irlandês que furou o bloqueio da segurança dos Jogos e tirou o brasileiro, que então liderava, da pista.
"Em 2004 já aconteceu aquele episódio com o Vanderlei, e agora acontece isso", esbravejou o dirigente brasileiro, inconformado. "Falei com o advogado do COB e vamos fazer um processo formal contra a organização dos Jogos."
Segundo Gesta de Melo, a brasileira foi vítima de uma falta de organização por parte dos organizadores do torneio de atletismo. "O prejuízo foi irreparável. Fabiana tinha chances reais de pódio, como todos sabiam", justificou o dirigente.
O técnico de Fabiana, Élson Miranda, explicou a importância das varas específicas para cada salto. "A vara é essencial por causa do ritmo. Ela vai acertanto a corrida e as marcações. Sem essa vara, a Fabiana teve a competição bastante prejudicada", falou o treinador, ainda sem entender como o equipamento sumiu. "O que eu não entendo é por que mexeram no tubo da Fabiana. Varas são como dardos, ninguém precisa aferir nada. Foi no mínimo falta de educação."
Em 2004, Vanderlei ainda conseguiu voltar à maratona, mas não recuperou a liderança perdida e terminou com a medalha de bronze. Já Fabiana não encontrou a vara perdida e, com outra, perdeu os três saltos seguintes que realizou e despediu-se da final sem medalha nem chegar perto de suas melhores marcas.