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13/08/2008 - 17h45

Antes explosiva, Edinanci se acalma para última chance de glória olímpica

Bruno Doro
Em China (Pequim)
Aos 32 anos, a paraibana Edinanci Silva sabe que terá, em Pequim, sua última chance de conquistar seu maior sonho, a medalha olímpica. Com o relógio correndo, porém, ela diminui o ritmo no lugar de acelerar. Pela medalha na China, ela vai lutar de uma maneira muito mais contida do que no início da carreira.

Rubens Cavallari/Folha Imagem
Edinanci busca tranqüilidade no lugar da antiga afobação para tentar uma medalha
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"Tem que ser agora, é a última. Eu coloquei na cabeça que depois não haverá mais uma chance", diz a lutadora, sempre tímida, que luta na madrugada de quarta para quinta. "Quando chegar o dia, não tem problema, não tem dificuldade. Tudo tem de ser esquecido pelo objetivo maior".

Exemplo dessa nova filosofia é o desempenho da brasileira na temporada. Se no ano passado ela conseguiu chegar ao pódio em seis competições, incluindo os títulos da Super Copa de Hamburgo e dos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro e do Campeonato Pan-Americano de Montreal, neste ano seu primeiro título veio na Copa do Mundo de Belo Horizonte, em que não teve grandes rivais.

"Estou mais tranqüila. Não estou me afobando mais. Esse ano, não consegui ir bem como no ano passado, mas fiz o suficiente para me garantir na seleção olímpica. Porque eu sei que não preciso fazer nada exagerado até o dia D", explica.

A técnica da seleção brasileira, a ex-judoca Rosicléia Campos, tem um papel nessa nova Edinanci. Quando lutava, na mesma categoria de Edinanci, ela nunca perdeu para a paraibana. "Ela nunca ganhou de mim e por isso tem que me escutar", brinca a treinadora.

"Mas estamos trabalhando muito o lado psicológico dela. Porque não adianta tentar fazer tudo a toda hora. Tem que saber dosar. E ela está começando a entender isso. Estamos trabalhando as emoções da Ed. Às vezes, ela não corresponde às nossas expectativas e muito menos às dela. O que vamos fazer é minimizar tudo o que pode atrapalhar o desempenho".

As Olimpíadas de Pequim marcam a despedida olímpica da paraibana após quatro edições dos Jogos, sempre terminando em sétimo lugar. Sua estréia foi em Atlanta-1996 e veio junto com um dos piores momentos de sua carreira: antes da estréia, teve de passar por um exame de feminilidade e lutou abalada. Quatro anos depois, em Sydney, competiu contundida. Em Atenas, desta vez bem física e psicologicamente, repetiu a colocação.

O ponto positivo da participação de Edinanci na China é a diminuição da pressão. A judoca chegou a Pequim como a maior esperança de conquistar a primeira medalha feminina do judô brasileiro. Quando entrar no tatame, porém, essa tarefa já não será exigida: entre as leves, a brasiliense Ketleyn Quadros foi bronze e quebrou o tabu.

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