13/08/2008 - 18h09
Biquinis do vôlei de praia são o motor da evolução da sociedade chinesa
Da AFP
Em Pequim (CHN)
Alguns chineses esperam que os Jogos Olímpicos permitam fazer a sociedade chinesa evoluir um pouco e, para isso, o estudante Xue Shengyuan, de 18 anos, põe todas as suas esperanças no vôlei de praia feminino.
"Nossa sociedade sempre foi muito conservadora, mas isso pode ajudá-la a se abrir", comenta ele, que vive em Pequim, enquanto as atletas de biquini entram na arena.
Com suas "animadoras de torcida" e seu ar praiano, o vôlei de praia é um ponto colorido nesses Jogos Olímpicos tão organizados. TVs e fotógrafos não se cansam de fazer primeiros planos dos corpos torneados e bronzeados, ou das mãos de alguma competidora enquanto ela coloca o biquini no lugar.
"Os pequineses estão muito longe da praia e, poucas vezes, podemos ver esse espetáculo. É divertido e sexy", diz Wang Dafang, de 46 anos.
Na tribunas do estádio de 12.000 lugares, vários trabalhadores, funcionários do governo, ou voluntários assistem ao espetáculo, embalados pela música alta, em um ambiente muito mais lúdico do que nos demais estádios.
Durante o confronto entre Estados Unidos e Cuba, por exemplo, o clima da arquibancada, até então bastante tranqüilo, desperta bruscamente com a chegada de animadoras de roupa azul-celeste e chapéu de vaqueiro. Ao som de "Hit me with your best shot", as câmeras começam a disparar.
Um pouco mais tarde, Wang admite que tirou apenas dez fotos do jogo, mas "quase 100" das jovens animadoras de torcida. "(Essas fotos) são para o meu filho. Agora, ele está no Exército e não pode vir aqui", justifica.
O vôlei de praia também parece ser o lugar dos Jogos Olímpicos onde há menos tensão. Nesta quarta-feira, as jogadoras de Rússia e Geórgia se abraçaram antes de sua partida, deixando de lado o atual conflito armado que opõe ambos os países.
Para o funcionário público Liu Xiaoyan, que mora na cidade de Tianjin, o vôlei de praia combina, perfeitamente, com o gosto dos chineses pela música alta, embora não seja suficiente para virar uma mania nacional.
"Acho que ainda falta muito para que consiga fãs na China, continuando a ser um esporte para se olhar (sem praticá-lo). Os países onde é mais popular são aqueles que têm praias como os Estados Unidos, ou o Brasil. Nós não temos", grita Liu, mais alto do que a música.