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12/08/2008 - 10h38

No intervalo, irmão ajudou Camilo a reencontrar motivação

Bruno Doro
Em Pequim (China)

Logo após perder para o alemão Ole Bischof, Tiago Camilo foi para a frente ao espelho. Lavou o rosto e tentou entender o que tinha dado errado. "Olhei bem no espelho e sabia que tinha continuar lutando. Não podia deixar mais uma chance escapar".

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A resposta de onde encontrar a motivação que tinha ido embora com a queda sofrida frente ao rival veio após falar com o irmão. Judoca campeão pan-americano, Luiz Francisco Camilo, o Chicão, sabia exatamente o que o irmão mais novo precisava ouvir.

"Ele falou que a medalha tinha nome. Que essa Olimpíada tinha nome. E que não importava a cor da medalha. 'Poxa, você trabalhou tanto. Eu te vi todo dia treinando'. Foram oito anos de dedicação, mas valeu a pena", disse o medalhista, antes de começar a chorar.

"Nossa família está sempre com a gente. Mesmo de longe. Eu vi o rosto de todos. Ouvi a voz de todos. E eles foram comigo na medalha, lutaram comigo. Me empurraram hoje", disse, entre soluços.

Irmão mais velho do agora duas vezes medalhista olímpico, Chicão assumiu a função de pai de Tiago quando os dois se mudaram de Bastos, no interior, para São Paulo, há oito anos.

Os dois seguiram juntos em mudanças de casa, seja para São Caetano, na grande São Paulo, ou Porto Alegre, onde a dupla mora desde 2005. "A gente tem uma história muito longa e muito bonita. Saiu muito cedo de casa e ele nunca deixou de estar comigo, mesmo quando casou", conta o medalhista.

"Eu sei, pelo carinho, que quando ele fala comigo, está representando meu pai, minha mãe, meus irmãos. Eles falam por dele. É uma pessoa que pensa muito em mim, algumas vezes, mais até do que nele mesmo", completa Tiago.

A família não foi até a China para acompanhá-lo, mas o judoca garante que sentiu a presença no tatame. "Quando eu ganho, nós ganhamos. A minha família ganha. A gente não conquista nada na vida sozinho, sempre precisa de um companheiro".