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10/08/2008 - 04h11

Sonho de medalha olímpica do bi-mundial Derly acaba em duas lutas

Bruno Doro
Em Pequim (China)
Os dois troféus de campeão mundial continuarão sem um equivalente olímpico na casa do judoca João Derly. Neste domingo, em sua primeira tentativa para conquistar uma medalha olímpica, o gaúcho conheceu algo que não tinha sentido nos Mundiais de 2005 e 2007: a dor da derrota.

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"Tem dias em que nada dá certo e esse foi um deles. Eu sabia que não teria luta fácil. A gente sempre fica procurando o que errou. Faltou um pouco de agressividade. Mas acho que é do esporte. O bonito é não saber quem vai ser o vencedor. Não é porque tenho dois títulos mundiais que sou obrigado a vencer sempre", justificou o lutador, que chegou a chorar após a derrota na China.

O algoz foi o português Pedro Dias, terceiro colocado no último Campeonato Europeu, disputado em abril. Bem orientado para o confronto contra o brasileiro, o judoca lusitano marcou os melhores golpes do gaúcho, jogou com o resultado e venceu. Em sua luta seguinte, porém, perdeu para o norte-coreano Pak Chol Min e acabou com os sonhos de medalha de Portugal e do Brasil nos meio-leves (66 kg).

Para o técnico Kiko Pereira, o brasileiro falhou na análise da luta. "A arbitragem teve uma posição importante. Definiu que não ia pontuar se o João pegasse na perna e não deu nenhum golpe dele assim. Foi aí que o João pecou e o tempo foi passando. Ele poderia ter mudado estratégia, mas não fez", explicou o treinador.

"Nesse nível, nessa categoria, é tudo muito igual. A diferença é que não pode errar. O João é um atleta que erra pouco, mas hoje ele errou", completou Pereira.

Único brasileiro bicampeão mundial de judô, João Derly lutava pela chance de se isolar como o maior atleta brasileiro na história da modalidade. O país nunca teve um campeão olímpico e mundial e, agora, os únicos que poderão mudar isso são o meio-médio (81 kg) Tiago Camilo e o meio-pesado (100 kg) Luciano Corrêa.

O desfecho de Derly não chega a ser uma zebra completa. Afinal, a temporada 2008 do gaúcho foi das mais difíceis. Ele enfrentou lesões no ombro e no tornozelo - chegou a romper os ligamentos do pé direito e ficou semanas sem treinar. Na Europa, venceu apenas três lutas em duas participações em Copas do Mundo.

Em sua primeira luta no ginásio da Universidade de Ciência e Tecnologia de Pequim, porém, Derly mostrou boa forma. Contra o sul-coreano Joojin Kim, ele fez um combate tenso e defensivo, mas saiu vitorioso com um golpe no final. O mesmo não aconteceu contra Dias, que, com um waza-ari, acabou com as chances do brasileiro.

"Eu sabia que o português era um atleta duro, mas achava que coreano era o mais difícil e foi realmente uma luta dura. Mas tive a infelicidade contra o português. Podia tê-lo jogado em alguns momentos, mas hoje não era o meu dia. Levantar cabeça. Tenho muito pela frente. Posso buscar mais títulos mundiais e estar em Londres-2012 para novo sonho de medalha olímpica", completou.

Os mais pessimistas diriam que o final estava previsto. Na apresentação da categoria feita pela organização dos Jogos Olímpicos, o brasileiro nem mesmo é citado. Como grande estrela do dia era apontado o japonês Masato Uchishiba, atual campeão olímpico, que nunca venceu o gaúcho.

Uchishiba, aliás, fará uma das semifinais do dia contra outro freguês do brasileiro. O cubano Yordanis Arencibia, derrotado no Pan-Americano e nos Mundiais de 2005 e 2007, é o rival do japonês. A outra semifinal terá o francês Benjamin Darbelet contra o norte-coreano Park.

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