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03/08/2008 - 09h02

Irmãs viram sparring da seleção olímpica de judô

Luís Ferrari
Da Folhapress
Em Tóquio (Japão)
Elas cruzaram o mundo para apanhar. E estão adorando. As irmãs Rafaela e Raquel Lopes Silva sabem que os golpes que levam nos tatames causam marcas menos doídas que as pancadas que deixaram de levar da vida por terem começado no judô há 11 anos, por meio de um projeto social no Rio.

"Para nós duas, o judô foi a coisa mais importante que aconteceu, porque a gente veio de um lugar carente, a Cidade de Deus. A gente veio de um lugar pobre, e o judô mudou a nossa vida. Começamos a estudar em colégio particular, a ganhar algum dinheiro, tudo através do judô. A gente poderia ir para um caminho errado, mas o judô nos colocou num caminho do bem", diz Raquel, 19.

Ela é a representante do meio-leve (52 kg) da seleção brasileira júnior, equipe que está no Japão para servir de sparring ao time olímpico, que compete nos Jogos de Pequim a partir do dia 9.

Além de dar ritmo aos titulares, o estágio serve como preparação para o Campeonato Mundial da categoria, em outubro, na Tailândia.

"Sou juvenil e acho essa experiência excelente. Ganhei a seletiva da equipe júnior e quero aproveitar essa oportunidade", diz Rafaela, 16, do peso leve (até 57 kg).

Aproveitar e ganhar experiência, no caso, é ser projetada pelas mais velhas muitas vezes por dia. "Vale a pena apanhar, como aprendizado. A gente aprende assim e evita cometer o mesmo erro no futuro. Não entra numa posição de sofrer os golpes", afirma a mais nova, que diz preferir treinar sempre com os mais velhos.

Raquel já pensa alto, no dia em que ela terá sua sparring. "A gente está apanhando. É apanhando que se aprende. Faz parte. Se um dia chegarmos à Olimpíada, vamos pegar a equipe júnior e bater nelas para treinar. No judô é assim, um tem que ajudar o outro. No judô é ceder para vencer", fala ela.

A dupla aproveita para tentar conhecer um pouco do país de origem da modalidade que as ajuda a vencer a pobreza, na primeira do que esperam se transforme numa série de viagens ao país do judogui. "É o sonho de qualquer judoca conhecer o Japão", conclui a mais velha.

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