José Roberto Guimarães chegou ao comando da seleção brasileira feminina de vôlei no segundo semestre de 2003 para arranjar, às pressas, um time competitivo para os Jogos de Atenas-2004. De fato, ele conseguiu reunir veteranas, que estavam afastadas devido a atritos com o técnico anterior, Marco Aurélio Motta, e levou o grupo às semifinais olímpicas. O desfecho daquela competição não foi dos melhores, já que as derrotas para Rússia e Cuba não foram muito bem digeridas até hoje. Mas o treinador continuou no cargo e hoje chega forte aos Jogos de Pequim.
Passados quase cinco anos, Zé Roberto conquistou 14 títulos com a equipe feminina, o último deles no início de julho, o Grand Prix, e almeja um ouro na China para coroar esse ciclo olímpico.
Quando questionado sobre sua permanência no comando da seleção, o técnico é categórico: sim, ele quer ficar. Admite, porém, que o resultado nas Olimpíadas de Pequim será preponderante na decisão da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) em mantê-lo ou não na função. "Vai depender do resultado, não adianta. Mas eu quero ficar", contou o treinador ao
UOL Esporte.
Entretanto, o treinador já avisou que, dessa vez, não cederá às condições da entidade. Ele revelou que, no ano passado, o presidente da CBV, Ary Graça, lhe pediu, quase em tom de exigência, que deixasse o comando do italiano Pesaro. Apalavrado com o time naquela ocasião e responsável pela contratação de todo o elenco para a temporada 2007/08, Zé Roberto aceitou dedicar-se apenas ao combinado nacional.
Agora, porém, será diferente. "Dessa vez eu não posso, já acertei com eles [Pesaro] e não posso descumprir", diz o técnico.
A negociação com o clube italiano não foi em vão. Impedido pela CBV de comandar qualquer equipe feminina no Brasil, o treinador rumou para o vôlei europeu em 2006 em busca de conhecimento em relação às equipes e jogadoras do Velho Continente.
"Foi extremamente importante minha ida para a Itália", admite. "Lá pude jogar contra todas as atletas, as russas, as sérvias, as italianas, tanto no Campeonato Italiano quanto na Champions League. Foi importante para conhecer o universo feminino".
Há quase uma década trabalhando com o vôlei feminino, Zé Roberto rechaça um retorno ao masculino. "Sou fiel às mulheres", brinca o técnico, campeão olímpico com os homens nos Jogos de Barcelona-1992. "Já voltei uma vez para o masculino [na temporada 2005/2006, comandou a Unisul na Superliga], mas não quero mais".