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29/07/2008 - 08h16

Amistosos na Ásia não livram Brasil de pior preparação recente

Bruno Freitas
Em São Paulo
Marcados na última hora, os testes contra Cingapura e Vietnã não livram a seleção brasileira do pior cenário de preparação para a disputa de uma Olimpíada, pelo menos no histórico recente da equipe nacional. A comparação com incursões olímpicas dos últimos 25 anos expõe as deficiências do projeto para Pequim, que terá a necessidade obrigatória de criação de identidade tática ao longo da competição.

AS PREPARAÇÕES
Reuters
Imagem da sonhada medalha de ouro, peça inédita para o futebol nacional
LOS ANGELES-1984
4 amistosos
(3 vitórias, 1 empate)
Pré-Olímpico - 5 jogos
(4 vitórias, 1 empate)
Total: 9 jogos
(todos contra seleções nacionais)
SEUL-1988
9 amistosos
(6 vitórias, 3 empates)
Pré-Olímpico - 7 jogos
(3 vitórias, 2 empates, 2 derrotas)
Pan - 5 jogos
(4 vitórias, 1 empates)
Total: 21 jogos
(15 contra seleções nacionais)
ATLANTA-1996
8 amistosos
(7 vitórias, 1 empate)
Pré-Olímpico - 7 jogos
(5 vitórias, 2 empates)
Copa Ouro Concacaf - 4 jogos
(3 vitórias, 1 derrotas)
Total: 19 jogos
(18 contra seleções nacionais)
SYDNEY-2000
11 amistosos
(9 vitórias, 2 empates)
Pré-Olímpico - 7 jogos
(5 vitórias, 2 empates)
Total: 18 jogos
(16 contra seleções nacionais)
PEQUIM-2008
4* amistosos (2 vitórias, 1 derrota)
*seleção ainda enfrenta o Vietnã
Total: 4 jogos
(2 contra seleções nacionais)
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Os comandados de Dunga desembarcarão na China com apenas quatro amistosos de preparação na bagagem, sendo que apenas dois deles serão contra seleções nacionais.

Esses são números notoriamente inferiores aos de campanhas olímpicas anteriores e que configuram um planejamento de dificuldades e falta de criatividade para obtenção de alternativas de preparação.

Antes da reunião do grupo de 18 jogadores na última semana, apenas dois testes preparatórios foram disputados. No final de 2007, o time sub-23 foi batido por 3 a 0 por um combinado dos melhores jogadores do Campeonato Brasileiro daquele ano.

Em junho passado, a equipe olímpica do país derrotou uma seleção do Rio de Janeiro por 1 a 0, gol de Alexandre Pato.

Já na Ásia, o grupo que disputará as Olimpíadas derrotou a Cingapura na última segunda (vitória por 3 a 0) e encara o Vietnã nesta sexta, na última etapa antes da viagem à China.

De começo, a criação da identidade da equipe para Pequim sofreu um golpe com a extinção do Pré-Olímpico, por parte da Conmebol. A entidade que gere o futebol sul-americano decidiu que as duas vagas do continente sairiam do torneio sub-20 da região, no início de 2007 (Brasil e Argentina se classificaram).

Depois, sem datas internacionais da FIFA exclusivas para amistosos do time sub-23 e pressionado pela exigência da campanha nas eliminatórias para a Copa-2010, Dunga não foi capaz de criar a espinha dorsal de seu grupo olímpico ao longo dos últimos meses, apesar de inserir 'olímpicos' em compromissos da equipe principal.

O treinador ainda saiu em desvantagem no tradicionalmente injusto duelo de forças com clubes europeus pela liberação de jogadores. Nesse quesito, os anseios de convocação de Kaká, Juan, Lúcio e por último Robinho ficaram pelo meio do caminho.

Os detalhes e dificuldades do projeto para Pequim destoam das campanhas olímpicas dos últimos 20 e poucos anos, com diferenças significativas de contexto pontuadas pelo avanço do tempo e mudança no panorama do futebol internacional, com fortalecimento dos clubes europeus, novas prioridades da Fifa e alterações na configuração do calendário internacional.

Incursões anteriores
Ao contrário da preparação para Pequim, as participações anteriores do Brasil no futebol em Olimpíadas tiveram como ponto de partida a disputa de um torneio Pré-Olímpico, que ofereceu aos treinadores das diferentes gerações a oportunidade de esboçar um time para a competição.

Foi o caso das campanhas de prata, em 1984 e 1988, que também contaram com uma série generosa de amistosos exclusivos para a equipe olímpica (como descreve a tabela acima, com base em números oficiais da CBF).

"Já vínhamos do torneio de Los Angeles, jogando contra América, que representava a seleção mexicana. Enfrentamos também Guatemala e Argentina. Tivemos uma preparação razoável, inclusive com a disputa do Pré-Olímpico. Em termos de preparação, podemos dizer que foi bem", diz Carlos Alberto Silva sobre a campanha que antecedeu a prata em Seul-1988.

Um cenário ainda melhor favoreceu as preparações dos times de Atlanta-96 e Sydney-2000, nas mãos dos técnicos Zagallo e Vanderlei Luxemburgo, respectivamente. Os dois times tiveram cada um quase 20 partidas de preparação antes de chegar às Olimpíadas.

"Tínhamos excelentes jogadores, como Rivaldo, Dida, Ronaldo, Juninho, Bebeto, Roberto Carlos. Fizemos uma série de partidas antes de Atlanta. Era um time bom, com condições, assim como era a Argentina, que acabou perdendo a final para eles (Nigéria)", recorda Zagallo.

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