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26/07/2008 - 08h00

Recorde mundial mais velho da história completa 25 anos hoje

Das agências internacionais
Em Madri (ESP)
O recorde mundial mais velho, o dos 800 metros, em poder da tchecoslovaca Jarmila Kratochvilova, completa 25 anos neste sábado. O tempo de 1min53seg28 foi alcançado dia 26 de julho de 1983 no estádio Olímpico de Munique, na Alemanha, e pode permanecer intacto por ainda muito tempo.

A marca vem sofrendo ataques moderados da russa Yelena Soboleva e da queniana Pamela Jelimo. Soboleva, campeã mundial dos 1.500 metros este ano, em Valência, acaba de correr os 800 m em 1min54seg85. Jelimo, de apenas 18 anos, conseguiu a marca de 1min54seg97, anotando o novo recorde mundial júnior.

Apesar de sua avançada idade, o recorde de Kratochvilova ainda desfruta de uma margem superior a um segundo e meio sobre as melhores marcas de Soboleva e Jelimo. A atleta checoslovaca conquistou o recorde quase sem se propor ao assombroso registro, o que gerou várias especulações sobre doping. Até hoje recaem sobre a marca sérias dúvidas sobre sua legitimidade.

Kratochvilova, que havia corrido antes de anotar o recorde apenas três provas dos 800 m - sua especialidade era os 400 m - pretendia apenas disputar os 800 m nos mundiais que viriam na seqüência (o primeiro foi Helsinki 83). Porém, naquele 26 de julho de 83, em Munique, a atleta teve um leve problema muscular e decidiu correr apenas os 800 m, onde seria menos exposta a lesões.

Sua surpresa - recordava - foi grande quando ao largar na frente, viu aumentar cada vez mais a distância que a separava das adversárias. "Eu não tinha um plano especial para essa prova. Nem sequer fui controlando o tempo. Somente a 30 metros da chegada olhei o relógio e quando vi o tempo fiquei estupefata. Porém, a cinco metros da linha, pensei que o cronômetro estivesse quebrado", lembrou a atleta há cinco anos, quando sua invejável marca completou 20 anos.


Kratochvilova assegurou que não sabia sequer qual era o recorde mundial a ser batido, mas que se deu conta da importância de sua marca quando olhou o rebuliço do público e os estrondosos aplausos vindos das arquibancadas nos últimos metros de sua prova. Dez dias depois, a checoslovaca conseguiu nos mundiais de Helsinque as medalhas de ouro nos 400 m e 800 m e uma de prata no revezamento 4 x 100 m.

Porém, nos mundiais de Roma, em 87, obteve apenas a decepcionante quinta colocação nos 800 m com 1min57seg81 e meses depois pôs fim a sua carreira devido a problemas crônicos de saúde.

Kratochvilova sempre negou as acusações de doping que a acompanharam ao longo de sua carreira esportiva. "Nunca ninguém me induziu a tomar esteróides", assegurou. Os responsáveis pelo seu êxito, segundo ela, sempre foram seus intensos métodos de treinamento.

"Nossa geração tinha uma grande predisposição para treinar muito duro e, curiosamente, a escassez de dinheiro nas competições também ajudou. Agora os atletas vão de um lado para outro cobrando muito dinheiro e sem tempo para treinar forte e, assim, adquirir o ponto máximo de sua forma. Hoje em dia eu também não poderia correr tão rápido porque competiria muito mais", explicou a atleta, que, na época, não corria mais de quatro provas por ano.

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