UOL Olimpíadas 2008 Notícias

13/07/2008 - 09h04

Novato, Tavernari traz espírito universitário à seleção

Giancarlo Giampietro
Em Atenas (Grécia)
O treino da seleção brasileira já acabou, faltam três dias para a estréia no Pré-Olímpico de basquete, e os jogadores acusam o cansaço, estirados em quadra. Mas o ala Jonathan Tavernari não pára.

Ele vive sua primeira temporada com a seleção adulta, após breves passagens pelos times das categorias de base. Joga no basquete universitário norte-americano, na BYU (Brigham Young College), a mesma que revelou o pivô Baby Araújo.

O entusiasmo que o ala mostra nos treinos e a disposição têm origem em seu espírito estudantil. Quando está de férias da universidade em Provo (Utah) ou mesmo durante o período de aulas, é costume do brasileiro se envolver em diversas atividades.

Estuda, treina, joga e encontra tempo para fazer seus "bicos". Desses trabalhos tira a ajuda de custo para viver nos EUA, também com o suporte de seus pais - a mãe, Thelma, é treinadora do Pinheiros e iniciou o filho no esporte aos cinco anos, em São Bernardo.

Os "bicos" também facilitaram a vida de calouro na seleção para Tavernari, que teve de bancar um jantar aos mais veteranos por disputar seu primeiro Pré-Olímpico, entre outras tarefas como carregar o iPod de seu ídolo Marcelinho Machado, ajudar o pivô Rafael "Baby" Araújo no computador e, o básico, levar malas da equipe de um lado para o outro.

"Eles tiram sarro, abusam um pouco. Quando a gente estava vindo para cá, do Rio para o São Paulo, tinha um grupo de excursão para a Disney cheio de criancinhas. Eles me fizeram parar para tirar foto com os bichos de pelúcia", contou.

"Para pagar tudo isso, eu tive de pintar a casa, ficar de babá, uma ou duas vezes por semana, ou às vezes ajudando minha namorada, que é fotógrafa, segurando a luz, essas coisas", disse. "É engraçado até, porque durante as sessões, em alguns eventos de moda, as pessoas me reconheciam e tiravam fotos minhas como ajudante."

Reconhecido na rua e reconhecido também no Brasil. A repercussão de suas atuações chegou ao técnico espanhol Moncho Monsalve. O atleta foi convocado para o elenco que disputou o Sul-Americano, mas acabou chamando a atenção do treinador do time principal e foi deslocado rapidamente para suprir as ausências de Leandrinho e Guilherme Giovannoni no perímetro.

"Saio do banco para contribuir com a defesa. O Moncho quer que eu me especialize nisso. E também tenho de meter bola. Sempre fui muito pontuador, e tenho essa capacidade na hora que sair do banco", disse o ala, que marcou o astro grego Theo Papaloukas na primeira rodada do Torneio de Acrópolis e o veterano Oscar Torres em amistosos contra a Venezuela.

Rayovac

Sempre ativo, nos treinos ele costuma desafiar os companheiros para disputa de um contra um. No sábado, o escolhido foi o ala-armador Alex Garcia, exemplo de vigor da equipe. Não à toa, ganhou o apelido de "Rayovac", porque "está sempre na pilha".

É com essa energia que o novato da seleção se inseriu no grupo que concorre a uma vaga olímpica em Pequim. A disputa começa nesta segunda-feira, em Atenas. "Às vezes é difícil de acreditar, de cair a ficha, estar ao lado de seus ídolos. Já tive uma camisa 4 do Botafogo, na época do Marcelinho [Machado, ala-armador capitão da seleção] lá. Ao mesmo tempo, estou muito empolgado. O que vier é lucro, talvez eu seja o único que não tenha muita responsabilidade", disse o ala, de 21 anos.

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