Com aposentadoria anunciada para o final do ano, Daiane dos Santos despertou o interesse do Cirque du Soleil. A companhia de origem canadense já fez proposta para ter a gaúcha entre as estrelas do seu elenco. Mas Daiane, que é nome praticamente certo para compor a seleção brasileira que disputará as Olimpíadas de Pequim em agosto, descarta trocar o esporte pelo picadeiro em 2009.
"Não penso em ir para o Cirque (du Soleil) quando eu parar. Minha prioridade não é essa", afirmou a ginasta. Em entrevista exclusiva ao
UOL Esporte, Daiane confirmou que a sondagem do circo partiu de um dos selecionadores de elenco, o francês Hubert Barthod. "Ele me procurou durante a última passagem do espetáculo deles pelo Brasil. Mas, por enquanto, não tenho interesse. Não decidi meu futuro ainda. Eu vou disputar as Olimpíadas e outras competições importantes até o final do ano. Só depois vou resolver a que irei me dedicar", completou a ginasta de 25 anos.
Daiane deve deixar a base da seleção olímpica permanente após Pequim e seguir treinando no Pinheiros, clube paulista com o qual tem contrato. A entidade também já ofereceu um projeto para Daiane após sua aposentadoria. Ela trabalharia na formação de novos ginastas e integraria a comissão técnica de ginástica artística. Outra possibilidade que também foi cogitada por Daiane é a de se dedicar a trabalhos de inserção social de crianças portadoras de deficiência mental por meio do esporte.
Procurado pela reportagem em seu escritório em Montreal, no Canadá, Barthod confirmou que o Cirque du Soleil sonha em ter a gaúcha, mas despistou em relação ao convite. "Claro que gostaríamos de contar com Daiane em nosso elenco após ela decidir por sua aposentadoria. Mas vamos esperar que ela demonstre interesse e nos procure quando parar. Ela é um dos maiores nomes da ginástica mundial. Seria muito bom trabalhar com ela", disse.
Daiane não seria a primeira ginasta da seleção brasileira a trabalhar no circo canadense após pendurar as sapatilhas. No final de 2006, Camila Comin, que havia disputado os Jogos Olímpicos de Sydney-2000 e Atenas-2004, decidiu trocar a base de treinos em Curitiba pelo picadeiro. Assinou contrato no ano seguinte. No mês passado foi a vez da paulista Roberta Monari, que já não integrava o time nacional, também seguir para o circo.
"Elas julgaram que isso era o melhor pra elas, mas ainda não sei o que será melhor para mim. E, sinceramente, ainda não estou pensando nisso. Quero fazer uma boa Olimpíada e, quem sabe, conquistar uma medalha. Depois disso, foco as demais competições até o final do ano. Só depois irei me decidir", disse a ginasta.
O recente crescimento do interesse do Cirque du Soleil por mão-de-obra nacional acompanhou a evolução da ginástica artística brasileira, que começou a revelar maior potencial quando, em 2003, Daiane foi campeã mundial no solo. No ano seguinte, ela não conseguiu repetir o ouro nas Olimpíadas de Atenas. Mas, em 2006 e 2007, fez parte das equipes que conquistaram os dois melhores resultados da história na disputa por equipes do Mundial. Respectivamente, o país foi sétimo colocado em Aarhus, Dinamarca, e quinto em Suttgart, na Alemanha.
"Os brasileiros têm movimentos muito graciosos, tem muito carisma e são bastante dedicados. Por isso gostamos de trabalhar com ginastas brasileiros. Atualmente, a Camila já está integrando elenco de alguns espetáculos e a Roberta está na fase de preparação para o 'Saltimbancos'", afirmou Barthod, que foi membro da equipe de cama elástica da França durante 10 anos antes de iniciar a carreira circense.