Em meio à polêmica sobre sua convocação para os Jogos Olímpicos de Pequim, o meia-atacante Kaká, do Milan, resolveu não se pronunciar mais sobre o assunto. Segundo confirmou a assessoria de comunicação do atleta ao UOL Esporte, o astro brasileiro preferiu optar por um silêncio momentâneo, pelo menos "até ter uma definição".

A tendência é que o Milan deva dificultar ao máximo a liberação do seu principal jogador, caso conquiste a vaga para a Liga dos Campeões que, financeiramente, é a competição que costuma pautar o planejamento dos grandes times europeus. Por isso, perder Kaká na fase inicial da competição pode comprometer a permanência do clube no torneio, entende o clube italiano, que tem o brasileiro Leonardo em seu corpo de diretores.

O técnico do Milan, Carlo Ancelotti, foi firme ao falar sobre o assunto em recente entrevista coletiva na Itália. "Sabemos que o desejo do Kaká é jogar", disse. "Mas acreditamos que vamos jogar a fase classificatória da Liga. Não é que não queremos liberar, mas, no caso de acontecer a vaga na Liga, Kaká não irá para as Olimpíadas", completou o treinador.

Ao contrário de Alexandre Pato, que tem idade olímpica (23 anos ou menos), o Milan não tem obrigação de liberar o meia, já que o jogador possui 26 anos (pode entrar na convocação de Dunga como uma das três exceções da lista).

Faltando três rodadas para o fim do Campeonato Italiano, o Milan ocupa a quinta colocação com 58 pontos, dois a menos que a Fiorentina, a última equipe que se classificaria para a Liga dos Campeões se a competição terminasse hoje.

O Campeonato Italiano prevê que os dois primeiros colocados do assegurem vaga automática na fase de grupos da Liga dos Campeões da próxima temporada, enquanto que o terceiro e o quarto lugares precisam obrigatoriamente passar por uma fase preliminar, eliminatória.

Depois da fala incisiva de seu treinador, Kaká, que já havia manifestado reiteradas vezes publicamente seu interesse não apenas em disputar a Olimpíada, mas também em conquistar a medalha de ouro inédita para o Brasil na história da competição, decidiu se calar sobre esse assunto, para eventualmente não influenciar um desfecho.

Sem comentários sobre Pequim, a estrela brasileira falou em entrevista ao UOL Esporte sobre outros assuntos, entre eles a atual fase do Milan. Apesar da eliminação precoce na Liga dos Campeões para o Arsenal (oitavas-de-final) e da campanha irregular no Italiano, Kaká considera que a temporada de sua equipe ainda é positiva.

"A temporada que conta é a de 2007/2008, ou seja, nesse período, o Milan foi campeão da Supercopa européia e do Mundial de Clubes no Japão", decretou.

"Além disso, teve um rendimento além das possibilidades na Liga dos Campeões, pois enfrentamos um adversário que mereceu ganhar que foi o Arsenal. No campeonato, estamos lutando para conquistar a vaga para a próxima Liga".

Kaká diz acreditar ser normal uma troca de jogadores no final da temporada, mas espera que eles mantenham o mesmo espírito vencedor dos que estão no clube.

"É normal que um ciclo termine e comece outro. Mas acho que o mais importante é fazer com que os jogadores que chegarem ao Milan aprendam a mentalidade vencedora que têm os jogadores que compõem esse grupo de hoje, que ganhou tudo que poderia".

O craque do Milan deixou as portas abertas para uma possível chegada do compatriota Ronaldinho Gaúcho. "Acho que o Gaúcho não teria nenhum problema de adaptação. Na minha opinião podemos jogar juntos sim, como já fizemos muitas vezes na seleção".

Kaká disse que torce muito para que o atacante Ronaldo se recupere de sua lesão e volte a defender o Milan. Sobre ter tantos craques brasileiros no mesmo clube, o jogador deixou a questão para o seu técnico. "A escolha dos titulares seria um probleminha para o treinador".

Vencedor da última eleição de melhor do mundo feita pela Fifa, Kaká reconhece que neste ano terá um grande rival pela frente, o meia português Cristiano Ronaldo. "Futebol é momento, e nesse momento ele junto com o Manchester estão indo muito bem".

De contrato renovado com o Milan até 2013, o jogador ressalta a oportunidade de sempre estar brigando entre os melhores ao defender a camisa do time italiano, em realidade que mina a cobiça de outros clubes poderosos da Europa, como Chelsea e Real Madrid, em contar com o seu futebol.

"Sou muito grato ao Milan por tudo que tem feito por mim, e a minha vontade de ficar por aqui é ter a certeza que vou sempre lutar para ser campeão. Eu jogo em um time vencedor, essa é a minha motivação, ganhar. E no Milan eu tenho sempre essa possibilidade".

Seleção brasileira e São Paulo

O meia-atacante acredita estar desempenhando um bom papel na seleção brasileira do técnico Dunga, apesar de reconhecer de que acaba se adaptando a uma nova função no esquema do treinador.

"Acredito que meu rendimento na seleção tem sido bom. Claro que você tem que se adaptar a uma maneira de jogar, pois o grupo de jogadores do Milan não tem as mesmas características que o da seleção, por isso a necessidade dessa adaptação".

Em relação ao São Paulo, clube que o revelou para o futebol, Kaká diz não ter mágoas de ter sido perseguido pela torcida em 2004, fato que antecipou a sua saída para a Europa.

"Tenho um carinho muito especial pelo São Paulo, pois foi o time que me formou, me tornei um profissional de futebol lá. Sou grato ao São Paulo por tudo que fez por mim".

Com um currículo invejável para um jogador de apenas 26 anos, Kaká diz que ainda quer mais. "Eu me sinto muito realizado, mas não conformado. Acho que posso conquistar muito mais coisas na minha carreira, e vou atrás disso".

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