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16/04/2008 - 10h23

China contra-ataca as críticas do Ocidente sobre Tibete e Olimpíadas

Da AFP
Em Pequim (China)
Para o canal de informações continúas da televisão pública chinesa, uma espécie de CNN local, o mundo se resume atualmente à viagem mundial da tocha olímpica e ao Tibete, uma arma de contra-ataque às críticas do Ocidente.

Desde a passagem da tocha por São Francisco (Estados Unidos) no dia 9 de abril, o canal CCTV Xinwen tem centrado a programação em imagens sobre os chineses no exterior que ficaram ao lado do governo na polêmica sobre os Jogos Olímpicos de Pequim promovida por ativistas pró-tibetanos e defensores dos direitos humanos.

"A batalha dos chineses no exterior para a defesa da chama sagrada" é um dos programas exibidos repetidamente nos últimos dias.

O apresentador explica como em São Francisco os estudiantes chineses se opuseram às manobras de "separatistas tibetanos".

"O 9 de abril não era festivo. No entanto, muitos chineses no exterior decidiram pedir um dia de férias para presenciar a passagem da chama olímpica pela cidade americana", explica o jornalista, antes de entrevistar por telefone vários estudantes.

Um deles afirma ter descoberto que um jovem que exibia uma bandeira tibetana havia recebido 500 dólares.

"Descobri que não era tibetano e que não falava inglês, e sim mexicano. Brincando, perguntei a ele quanto havia recebido para vir e me respondeu que 500 dólares ao dia", afirma o estudante, de nome Sun.

Esta repetição é acompanhada dos relatos de alguns internautas chineses que criticam os meios de comunicação ocidentais, sobretudo o canal americano CNN, pela cobertura da crise tibetana e da China.

Nesta guerra midiática dirigida pela propaganda chinesa, a heroína se chama Jin Jing, a atleta paraolímpica chinesa de 27 anos que, em sua cadeira de rodas, protegeu a chama das tentativas de militantes pró-Tibete de apagar o fogo durante seu percurso por Paris.

"Que forma de se comportar com uma deficiente! Onde estão os supostos direitos humanos de vocês?", questiona Jin em um anúncio repetido todos os dias.

Nas demais notícias sobre a viagem da tocha, a passagem por Paris, a mais controversa e prejudicada pelos protestos, não é mencionada.

Paralelamente, a CCTV Xinwen exibe programas sobre a revolta de março contra as autoridades chinesas no Tibete para denunciar a "camarilha do Dalai Lama".

O noticiário cita a história, mas apenas para repetir a versão oficial de que a região pertence à China desde tempos imemoriais, sem abordar os períodos sensíveis com a Revolução Cultural, quando os templos e a religião eram alvos dos soldados vermelhos.

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