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28/03/2008 - 09h00

Americanos querem livre acesso ao 'traje dos recordes'

Da Folhapress
Em São Paulo
Os treinadores não poderão ver seus nadadores com o LZR Racer durante a disputa da primeira divisão do campeonato universitário, principal celeiro da natação dos EUA.

Para quem ainda não teve acesso ao traje, um alívio. Os técnicos acreditam que o maiô high-tech pode mesmo ajudar na performance na piscina. E que só em igualdade de condições os mais talentosos alcançarão os melhores resultados.
O TRAJE DOS RECORDES
AP
Sullivan, recordista dos 50 m livre
Malha: O traje é feito de um tecido superleve, que repele a água e resiste a ela, diminuindo o atrito. Reduz a oscilação muscular e a vibração da pele através da compressão. Seca rapidamente
Painéis: Ultra finos e resistentes, são colocados em locais estratégicos para dar formato ideal ao corpo do nadador
Estabilizadores: Colocados na parte interna do traje, na altura da cintura, ajudam o nadador a manter a posição ideal do corpo durante o nado por longos períodos
Extremidades: É totalmente lacrado por meio ultrassom. As ranhuras nas extremidades formam uma superfície extremamente lisa e flexível, otimizando os movimentos do nadador
Fecho: Localizado na parte interna, mantém a superfície do traje lisa, sem atritos extra com a água
RECORDES AUSTRALIANOS
O uso do maiô foi vetado porque nem todos os atletas já tiveram a chance de comprá-lo. "Não acho que o maiô sozinho faça alguma mágica, mas ele é muito bom e ajuda. Por isso, para se ter uma disputa justa, todos devem ter acesso", disse Bob Bowman, de Michigam.

O brasileiro César Cielo é um dos competidores que já usaram o traje e terão de competir sem ele. A melhor marca do velocista nos 100 m livre foi obtida com o maiô, em fevereiro: 48s49, recorde sul-americano.

Mesmo sem a vestimenta, no entanto, o nadador brilhou hoje na primeira divisão do universitário. Nas eliminatórias das 50 jardas livre, nadou em 18s79, um décimo acima de seu recorde do evento, de 2007. A competição não é disputada em metros, o que inviabiliza a quebra de recordes mundiais.

Apesar de ver atletas de sua universidade em "desvantagem", Richard Quick, um dos técnicos de Auburn aprovou o veto ao LZR Racer. "É óbvio que o maiô ajuda bastante, acho que seríamos loucos de disséssemos o contrário. A mesma coisa aconteceu quando colocamos lycra nas sungas nos anos 70. Todos os recordes americanos foram quebrados", afirmou o técnico.

"Não é incomum o que está acontecendo. Mas, com maiô ou não, sempre são os melhores atletas que vão ganhar. Se todos tiverem acesso ao traje, é o talento é o que vai prevalecer."

Os treinadores acreditam, porém, que boa parte dos nadadores deve exibir o novo traje durante a Olimpíada. Até agosto, ele estará disponível para todos os atletas de elite.

A França, por exemplo, tem acordo com outra fábrica de material esportivo, a Arena, que veste sua seleção.

Alain Bernard, no entanto, tem o patrocínio particular na Speedo. E, com o LZR Racer, quebrou três recordes mundiais em três dias nas provas de velocidade. Até então, o atleta não era apontado como candidato ao ouro em Pequim.

Eamon Sullivan retomou sua melhor marca dos 50 m livre hoje. Ele já havia superado o feito de Alexandr Popov, de Sydney-2000, em fevereiro.
Gregg Troy, treinador da Flórida, apóia o uso do novo traje. Sua universidade abriga os treinos de Ryan Lochte, um dos principais rivais de Michael Phelps e de Thiago Pereira.

"Tivemos a chance de experimentar o maiô, e acho muito bom o que está acontecendo. O traje não vai te deixar mais rápido, mas ajuda a nadar de forma mais eficiente. Pode melhorar a performance", disse.
Os brasileiros também poderão ter acesso ao novo maiô. O Comitê Olímpico Brasileiro firmou acordo com o fabricante, que vestirá todos os atletas de esportes aquáticos em Pequim.

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