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11/03/2008 - 21h58

Sul-Americano de natação promete inchar delegação olímpica

Fernanda Brambilla
Em São Paulo
Para uma modalidade que contou com 23 atletas na Olimpíada de Atenas-2004, a natação até agora tem uma delegação "discreta" para os Jogos de Pequim. A cinco meses do maior torneio esportivo internacional, nove nadadores já alcançaram as metas da Fina. Mas, a partir desta quarta-feira, esse número promete inchar com o Sul-Americano, no Clube Pinheiros, em São Paulo, penúltima seletiva olímpica.

THIAGO FAZ 'NOVO PAN' EM SP
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Depois de estrear a temporada em grande estilo no GP do Missouri, Thiago Pereira terá uma maratona pela frente a partir desta quarta. O nadador competirá em sete provas individuais: 100 m e 200 m costas, 200 m peito, 200 m borboleta, 200 m livre e 200 m e 400 m medley (sem contar os revezamentos).

O objetivo, segundo o atleta, é ganhar ritmo de competição. "Estou num ritmo muito forte de treinos e tenho consciência das dificuldades de baixar marcas agora", diz Thiago, que já tem seis índices olímpicos. "Nadar vários estilos separadamente facilita para podemos identificar a velocidade máxima de cada nado", diz o técnico Fernando Vanzella.
Nas contas da CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos), um aumento de 50% pode ser esperado no torneio continental.

"Os nadadores estão muito focados, e devem aproveitar bem essa chance de vaga olímpica. Além disso, alguns fatores ajudam a motivar os atletas, como a exposição da TV, e o clima do ano olímpico", avalia o diretor técnico da CBDA, Ricardo de Moura.

Na mesa de apostas, quatro nomes se destacam entre uma leva generosa de nadadores que ainda pode se credenciar para a China. "Temos alguns nomes que realmente estão muito próximos: Fabíola Molina, Guilherme Guido, Monique Ferreira e Joanna Maranhão. Mas surpresas podem e devem acontecer, sempre", espera De Moura.

O mais próximo de se juntar ao seleto grupo é Guilherme Guido. Nos 100 m costas masculino, o nadador chegou a anotar uma marca três centésimos acima do índice olímpico da prova (55s14) no Torneio Open, que encerrou a temporada de 2007.

A cinco centésimos da marca, também nos 100 m costas (01min01s70), a veterana Fabíola Molina prepara o psicológico. "Estar tão perto com certeza causa ansiedade, mas vou pensar de forma positiva", diz a nadadora, que competiu na Europa no início do ano, e conquistou uma medalha de ouro em torneio na Espanha. "Sei que no esporte tudo pode acontecer, até faço uma leitura de auto-ajuda."

DESFALQUES OLÍMPICOS
As principais ausências do Brasil no Sul-Americano são do time masculino: César Cielo, que mora nos EUA, se prepara para nadar a NCAA (campeonato universitário) e o GP de Ohio. Gabriel Mangabeira e Kaio Márcio, que têm índices no borboleta, também não nadam. Estarão presentes: Thiago Pereira, Lucas Salatta, Henrique Barbosa, Nicholas Santos, Rodrigo Castro e Flávia Delaroli.
As próximas candidatas, Monique Ferreira e Joanna Maranhão estão um pouco mais distantes da segunda Olimpíada. Nos 400 m livre, Monique encerrou o ano com novo recorde sul-americano, 4min13s03, contra 4min11s26 do índice da Fina. Já a recifense especialista em medley tem 4min46s04 como tempo de balizamento nos 400 m do estilo, contra 4min45s08 exigidos.

Além disso, De Moura lembra que a numerosa delegação de Atenas teve outro mérito: os revezamentos femininos. Como os quartetos não se classificaram no Mundial de Melbourne, precisam ficar entre os quatro melhores tempos na repescagem mundial. Com a suspensão da velocista Rebeca Gusmão, as coisas estão ainda mais difíceis para as nadadoras.

"Não podemos perder essa chance de fazer um bom tempo. Estou treinando visando o Troféu Maria Lenk, em maio, mas vou me esforçar muito para que o revezamento se saia bem neste Sul-Americano", torce Monique.

Para a Confederação, a prioridade é a qualidade, e não quantidade de atletas. "Não tem como comparar Atenas com Pequim; são realidades diferentes. Nossa preocupação não é só fazer índice. Podemos levar 40 atletas, mas isso pode não ser um avanço. Ir sem perspectiva não é suficiente. Estamos priorizando a qualidade em detrimento da quantidade", conclui Ricardo de Moura.

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