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Maracanã, Neymar e Alemanha: como final do futebol virou ápice da Olimpíada

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Neymar é principal astro do futebol nos Jogos Olímpicos e decidiu novamente imagem: AP/Felipe Dana

Dassler Marques

Do UOL, no Rio de Janeiro

A junção de ingredientes peculiares após as semifinais disputadas na quarta-feira tornaram o Brasil x Alemanha do próximo sábado, no Maracanã, um evento à altura das medalhas de ouro de Michael Phelps, Usain Bolt e das principais finais dos esportes coletivos. 

Alvo de uma disputa velada histórica entre o Comitê Olímpico Internacional e a Fifa, o futebol masculino conseguiu romper essa barreira mesmo sem a presença de boa parte das maiores estrelas. O protagonismo foi alcançado na reta final por repetir, justamente, o duelo mais emblemático do último Mundial. E que coloca o torneio no centro da Rio-2016. 

Com mais de 60 mil torcedores e quase nenhum assento vazio, uma rotina nos jogos da seleção brasileira, o Maracanã presenciou uma exibição irretocável do Brasil contra Honduras na quarta. Neymar fez um gol com 15 segundos, outro de pênalti nos acréscimos e liderou os jogadores mais jovens para um feito marcante: a goleada por 6 a 0 foi a maior da camisa amarelinha em toda a história da Olimpíada. 

Neymar, que abriu mão da Copa América para estar no Rio de Janeiro, esperava viver justamente um momento desse. Aos 24, ele já entrou no grupo seleto dos jogadores brasileiros com duas medalhas olímpicas no armário, e tem a chance de enfrentar a Alemanha sub-23 dois anos após ser desfalque na semifinal do Mundial. Alcançar o ouro que jogadores históricos falharam, como Falcão, Romário, Rivaldo, Bebeto e Ronaldo, deixaria o camisa 10 em uma galeria única na história da seleção.  

Além de Neymar, há o Maracanã e os ingredientes místicos que o estádio mais popular do futebol mundial carrega. Foi lá que a seleção brasileira perdeu a Copa do Mundo de 1950 e criou um trauma que demorou a ser remediado. Também foi lá que o Brasil viveu seu último grande momento no futebol internacional, com a Copa das Confederações de 2013. Um ano depois, a mesma Alemanha que jogará no sábado superou a Argentina com gol de Mario Götze e virou tetracampeã mundial. Já na última terça, a seleção feminina teve apoio forte, mas caiu para a Suécia na semifinal do Maracanã. 

Entre jogadores brasileiros e alemães, não parece haver clima de revanche, até porque os remanescentes são escassos. De um lado, Neymar, que não atuou no Alemanha 7 x 1 Brasil, e do outro o zagueiro Mathias Ginter, reserva na Copa. Mas, para os torcedores, conquistar o ouro olímpico inédito em casa contra os germânicos gera um prazer especial. "Ô Alemanha, pode esperar, a sua hora vai chegar", gritaram milhares após o massacre sobre Honduras, antes mesmo de o finalista ser confirmado. 

À margem da Eurocopa recente e das demais modalidades na Olimpíada, o futebol olímpico na Alemanha também ganhou as manchetes. A tradicional Revista Kicker, veículo impresso mais importante da cobertura esportiva local, deu espaço privilegiado ao reencontro das seleções que somam nove títulos mundiais. O Diário Bild, jornal de ampla circulação, citou em sua manchete o desejo de revanche do país anfitrião. 

Embora seja encarado pelos alemães mais como oportunidade de desenvolver os jogadores jovens que uma conquista essencial, a medalha de ouro também pode ser considerada praticamente inédita. Desde a unificação nos anos 90, a Alemanha não chegou à decisão. Antes disso, nos Jogos de 1976, a seleção da Alemanha Oriental conquistou seu torneio de maior expressão internacional. Justamente, o ouro olímpico. 

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