Medalhista, Isaquias dormiu com prata olímpica e ainda não comemorou
“Cara, qual é a sensação de ganhar uma medalha olímpica? Porque eu não estou sentindo nada. Estou me sentindo normal”.
A reflexão foi feita na última terça-feira (16) pelo brasileiro Isaquias Queiroz, 22, medalhista de prata na prova C1-1000 da canoagem de velocidade na Rio-2016. Um dia depois de ter obtido um pódio inédito para o país na modalidade, a única mudança na vida do atleta foi uma companhia para dormir.
“[A medalha] dormiu na minha cama, no meu travesseiro. Eu fiquei muito feliz porque ela dormiu comigo. A medalha é pesada para c... Vocês precisam sentir. É muito legal ter a sensação de ganhar”, contou o brasileiro nesta quarta-feira (17), após ter feito o melhor tempo das semifinais do C1-200 e avançado à decisão da prova.
Além do C1-1000 e do C1-200, Isaquias disputará a C2-1000 na Rio-2016. O brasileiro está entre os melhores do planeta nas três e tem chance de sair dos Jogos como o primeiro representante nacional na história a acumular três pódios em uma edição. Até por isso, não teve tempo de curtir a sensação da primeira láurea olímpica.
“Acho que vários atletas só competem uma vez, ganham uma medalha e saem para curtir ou festejar a vitória. Eu competi, ganhei, voltei para o hotel, treinei, fui dormir e vim competir. Não é aquela sensação toda”, relatou Isaquias.
A reação minimalista tem a ver com o técnico espanhol Jesús Morlán, que trabalha com a canoagem brasileira desde 2013 e somou na última terça-feira a sexta medalha olímpica de sua carreira. Conhecido por ser extremamente exigente, o treinador até deu parabéns a Isaquias após o pódio. Em seguida, porém, pediu para o brasileiro descansar e marcou um treino para horas depois.
O objetivo de Jesús com a atividade foi trabalhar especificamente a largada, ponto mais débil de Isaquias no C1-200. A tática funcionou: nesta quarta-feira, depois de um desempenho irregular nas eliminatórias, o brasileiro fez na semifinal o melhor tempo da história da distância em Jogos Olímpicos. “Ontem [terça-feira] o meu treinador já mandou esquecer a medalha de prata e fingir como se eu não tivesse”, relatou o atleta.
A festa de Isaquias terá de esperar até sábado (19), quando o brasileiro encerrará sua participação na Rio-2016. O problema para ele é: fã de arrocha, o canoísta ainda não conhece um local em que possa curtir o ritmo na cidade que recebe os Jogos: “Só forrozinho. Arrocha eu prefiro o da Bahia, mesmo”.
