Abandonado pela mãe, Thiago foi criado pelos avós e teve tio como "mentor"
Horas depois de vencer o ouro no salto com vara em uma disputa emocionante no Engenhão, Thiago Braz foi perguntado sobre quem seriam as pessoas mais importantes na sua trajetória. “Deus e meus avós”, disse ele. É o prêmio para Maria do Carmo e Orlando Braz, avós paternos que cuidaram do hoje campeão olímpico desde que ele foi abandonado pela mãe na infância.
A história foi contada pelo Fantástico há dois meses. Maria do Carmo, principal figura feminina na criação de Thiago, contou que quando assumiu a guarda do neto a mãe biológica ainda prometia visita-lo ocasionalmente. “Ele ficava com a mochilinha esperando no portão”, contou ela.
Thiago, então, cresceu com os avós em Marília, no interior de São Paulo. Orlando é pescador e passou ao neto o gosto pela prática, um dos hobbies do garoto até hoje. Maria do Carmo, dona de casa, dava todo o suporte que o menino precisava. Só que a superação do drama passou pelo esporte. Depois de praticar basquete por seis meses, ele foi apresentado ao atletismo pelo tio, Fabiano.
“Ele fazia decatlo. Ninguém mais treinava na minha família, mas para ele era importante que eu praticasse. Ele pensou que era um bom jeito para mim. Eu não moro com minha família, eu moro com meus avós paternos. Meu tio me ajudou a ter um futuro”, disse Thiago Braz após a medalha.
Não foi fácil começar no salto com vara. No começo, ele era treinado pelo próprio tio em diferentes modalidades. No primeiro contato com a modalidade que o colocaria no topo da Olimpíada, ele estranhou. “Eu pensava: 'Vou pegar a vara e fazer o quê? Correr e me pendurar de ponta-cabeça?'. Levei duas semanas para acertar o primeiro salto. Gostei e fiquei”, disse ele em 2012 ao site da BM&F, seu antigo clube.
Quando viu que tinha talento para a coisa, Thiago Braz foi atrás da excelência, característica que marcaria para sempre sua carreira. Em 2009 procurou Elson Miranda, técnico de Fabiana Murer, na época já uma atleta de destaque internacional, e mudou-se para São Caetano, justamente para treinar pela BM&F.
Foi lá que Thiago conheceu o ucraniano Vitaly Petrov, técnico de Sergei Bubka e Yelena Isinbayeva, os dois maiores nomes da história do salto com vara, que prestava consultoria para a CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo). A colaboração entre os dois, que era intermediada por Elson Miranda, virou parceria fixa em 2014, quando Thiago mudou-se para Formia, na Itália.
À época já casado com Ana Paula, atleta do salto em altura, Thiago arriscou tudo em busca do ouro olímpico, que na última segunda coroou toda essa jornada.