Murer chora, cita lesão e anuncia aposentadoria: Foi minha última Olimpíada
Fabiana Murer ficou muito decepcionada após não conseguir a classificação para a final da prova feminina de salto com vara na Rio-2016. Chorando, a atleta brasileira disse que uma hérnia de disco descoberta há um mês prejudicou sua preparação e seu desempenho nesta terça-feira (16). Com o encerramento da sua participação nos Jogos, ela anunciou a aposentadoria das Olimpíadas.
“Acabei de sair de uma prova complicada. Passei um mês muito difícil desde que descobri que estava com uma hérnia cervical que tira a força dos braços, das costas e não me deixou treinar do jeito que queria para chegar bem na Olimpíada. Esse aqui é meu último ano mesmo. Foi minha última Olimpíada", declarou.
Em setembro deste ano, Murer teria que participar da Liga Diamante por contratos com o patrocinador. Apesar disso, a lesão preocupa a brasileira de 35 anos.
"Já tinha falado há algum tempo que esse seria meu último ano. É um bom momento de parar. Fui convidada para última etapa da Liga Diamante, em Bruxelas. Vou avaliar a evolução da lesão nos próximos 15 dias e resolver", declarou.
Diante da torcida presente no Engenhão, a atleta brasileira caiu fora do colchão no aquecimento e, na classificação, não ultrapassou a marca de 4,55m em três tentativas.
"Comecei com uma vara mais fraca para ver se ia dar certo. Peguei uma mais forte também na segunda, mas não deu certo. É um momento difícil, já tinha feito um bom ano, estava num bom caminho para ir bem nessa Olimpíada, mas infelizmente tive essa hérnia. Talvez eu precisava de mais um tempo para recuperar", acrescentou.
No segundo grupo, Fabiana, que seria a primeira a saltar, decidiu começar a classificação apenas nos 4,55m. Mas na primeira tentativa, não ultrapassou o sarrafo. Decepcionada com a investida inicial, a brasileira também parou no sarrafo na segunda chance, nos mesmos 4,55m. Pressionada e indignada com os fracassos anteriores, a atleta foi para a terceira tentativa com os mesmos 4,55m e não teve êxito.
"Foi um mês muito intenso, de muito treinamento, tratamento. Sempre acreditando que seria possível chegar na Olimpíada 100% e batalhar pela final. Eu sabia que a qualificação ia ser difícil. Sempre é muito complicada. Ainda mais por esse mês que passei, eu tinha que chegar na competição e ver como ia estar”, analisou Fabiana.
A hérnia cervical acontece quando há uma lesão no disco intervertebral, que é responsável pelos membros superiores. Por isso, quando existe a irritação da hérnia de disco, os movimentos dos braços ficam amortecidos.
"Não tenho força suficiente no braço para saltar. Às vezes minha mão falha. É bem complicado, é até difícil de explicar. Só sentindo mesmo para ver o quanto é problemático ter uma hérnia. O braço falha, não funciona da mesma forma", contou Murer.
Fantasmas
A atleta de 35 anos é o maior destaque individual na modalidade do país nos últimos anos. Ela foi campeã mundial duas vezes (2010 indoor e 2011 ao ar livre) e conquistou a Liga Diamante em duas oportunidades (2010 e 2014). Por isso era a grande esperança de medalha para o Brasil em sua modalidade. Apesar disso, ela precisou enfrentar os 'fantasmas olímpicos' que a perseguem desde 2008.
Nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, a atleta sofreu o seu primeiro baque quando não encontrou uma de suas varas antes do início da final. Ela procurou de todas as formas, foi reclamar com a organização e não achou. Então desconcentrada, ela acabou em 10º lugar.
Nas Olimpíadas seguintes, em Londres-2012, ela chegou como uma das favoritas à medalha de ouro. Apesar disso, ela não teve sorte e pegou um dia de muito vento na qualificação, ficando de fora das finais.