Vídeos

Rio-2016 revê promessa e quer dinheiro público na Paraolimpíada de 2016

Vinicius Konchinski

Do UOL, no Rio de Janeiro

O Comitê Organizador da Rio-2016 está decidido a quebrar uma promessa feitas durante a preparação do Rio para Jogos Olímpicos e Paraolímpicos. Apesar de o órgão ter informado ainda em 2013 que não precisaria de recursos públicos para custear suas atividades, ele negocia com Prefeitura do Rio um aporte dinheiro em seu caixa visando à Paraolimpíada.

Os Jogos Paraolímpicos começam no próximo dia 7 de setembro. De acordo com o Comitê Rio-2016, a venda de ingressos para o evento –uma de suas fontes de financiamento—está bem abaixo da esperada. Levando isso em conta, uma revisão geral da organização paraolímpica será realizada para corte de custos. Apesar disso tudo, é dada como certa a necessidade de uma ajuda governamental para a competição.

Essa ajuda vem sendo negociada há meses, e não só com a prefeitura. O presidente interino Michel Temer declarou em junho, no Rio, que o governo federal está disposto viabilizar recursos para os Jogos do Rio em caso de necessidade. Dois dias antes da abertura da Olimpíada, no dia 4, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, acrescentou que a União providenciará R$ 120 milhões para os eventos. Esse valor deve deve chegar por meio de patrocínio de estatais.

Já o dinheiro da prefeitura virá por meio de um convênio, que prevê repasses de valores dos cofres municipais ao Comitê Rio-2016. Essa deve ser, então, a primeira vez que os organizadores dos Jogos do Rio receberiam recursos públicos de forma direta. Até agora, o órgão se mantém com recursos de patrocínios (públicos e privados) e é beneficiário de isenções fiscais.

O valor do convênio com a administração municipal ainda não foi divulgado. O ministro Padilha disse no mesmo dia que anunciou a ajuda federal à Rio-2016 que o município injetaria até R$ 170 milhões no Comitê Organizador.

O órgão é responsável por pagar trabalhadores da Olimpíada e Paraolimpíada, a decoração dos ginásios e outros despesas. Só o comitê pretende gastar mais de R$ 7,4 bilhões com os dois eventos.

A prefeitura, porém, deixará claro que os recursos públicos destinados ao comitê custearão exclusivamente aos Jogos Paraolímpicos. Isso, aliás, servirá como argumento para Comitê Organizador. O órgão dirá que a promessa de Jogos sem dinheiro do governo valia só para a Olimpíada.

Reportagem Folha de S.Paulo deste sábado (13) mostra que há uma negociação de um convênio da prefeitura com o comitê. Procurada pelo UOL Esporte, a administração municipal não se pronunciou sobre o assunto.

O Comitê Rio-2016 diz que não está sem dinheiro. Ressaltou, porém, que o órgão negocia patrocínios com empresas privadas e estatais.

Ronda em busca de patrocínio estatal

Essas estatais, segundo apuração do UOL, seriam todas federais. Petrobras, Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo) e a Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações) já foram sondadas em busca de apoio financeiro.

A Apex, aliás, firmou no último dia 4 um contrato de R$ 30 milhões com o Comitê Rio-2016 para associar-se a eventos promovidos pelo órgão. Organizadores da Olimpíada aguardam a agência anunciar o apoio para dar mais informações sobre ele.

Aguardam também a solução de um imbróglio judicial envolvendo o apoio financeiro do governo aos Jogos do Rio. Uma decisão liminar –provisória—da Justiça Federal determina que o Comitê Rio-2016 se abstenha de receber recursos públicos até que divulgue suas contas e comprove a necessidade.

Essa decisão foi divulgada na noite de sexta-feira (12). Internamente, Comitê Rio-2016 avalia a possibilidade de um recurso. Avalia também a possibilidade de cumprir os requisitos estabelecidos pela Justiça para ter acesso ao dinheiro público.

O ministro do Esporte, Leonardo Picciani, disse em junho que estava trabalhando para que empresas ligadas ao governo federal patrocinassem as cerimônias da Rio-2016. Questionado pelo patrocínio dessas empresas à Paraolimpíada, o Ministério do Esporte não se pronunciou.

Topo