Joanna presta queixa após ataques, mas admite erro em piada com transgênero

Pedro Ivo Almeida
Do UOL, no Rio de Janeiro
Pedro Ivo Almeida/UOL
Joanna Maranhão presta queixa contra ataques que sofreu na internet

A nadadora Joanna Maranhão compareceu nesta sexta-feira à Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática, na região do Jacarezinho, zona norte do Rio de Janeiro, para prestar queixa contra os ataques que sofreu na internet durante a sua participação nos Jogos Olímpicos.

"Optei por fazer esse boletim de ocorrência. Todo debate é válido, mas quando temos agressão ou violência, precisamos acionar a Justiça. Sou uma pessoa pública e tenho que saber dos julgamentos, mas não admito agressões", disse Joanna. O caso ficará com a delegada Daniela Terra, titular da DRCI.

Após ser eliminada de sua terceira e última prova no Rio de Janeiro, há três dias, Joanna desabafou e disse ter sido vítima de ataques na internet. Segundo ela, as mensagens faziam referência ao abuso sexual que sofreu na infância.

"Não torçam para eu ser estuprada. É pesado. É muito duro. Eu aguento porque não tive outra opção na vida" desabafou a nadadora, que disputou as eliminatórias dos 200 m borboleta e e dos 200 m e 400 m medley no Rio de Janeiro.

Pedro Ivo Almeida/UOL
Joanna Maranhão na delegacia: queixa por ataques na internet
Joanna Maranhão aproveitou para admitir erro em sua postura em tweets antigos. Em textos postados há cinco anos, a atleta fez comentário polêmico sobre a Ariadna, ex-participante do reality show “Big Brother Brasil” que é transgênero, afirmando que ela precisaria “nascer de novo” para se assemelhar a uma mulher. Além disso, foram encontrados posts se referindo a mulheres como “vagabundas”. 

"A maior covardia foi pegar um Tweet meu de 5 anos atrás. Aproveito para pedir desculpas a Ariadna. Foi uma piada de péssimo gosto. Mas isso não invalida as causas que eu defendo e continuarei lutando", disse. "Tenho um irmão caçula que é homossexual. Até comemorei quando ele me falou. Mas depois pensei o que ele poderia sofrer. Toda comunidade LGBT merece respeito", completou.

O advogado da Joanna, Fabiano Rosa, explicou a queixa. "Internet é um espaço público. As pessoas precisam entender que não podem caluniar e injuriar ninguém. Precisamos acabar com essa cultura de impunidade na internet. Vamos pedir ajudas à Polícia. São mais de 250 comentários ofensivos, muitos gravíssimos com incitação a crimes, estupros. Além de crimes contra a honra. Depois, iremos à Justiça cobrar a reparação imediata disso".

Delegada explica próximos passos

Após pouco mais de 1h30 na Delegacia, Joanna Maranhão deixou o local acompanhado de advogado e amigos. "Acredito em punição, mas sem rancor. Quero que as pessoas possam se posicionar e viver suas vidas sem ataques na internet. Ao menos 30 posts foram muito agressivos. Eles me explicaram que esse será o foco da investigação", disse a nadadora.
 
Na sequência, a delegada Daniela Terra, que comanda o caso, explicou os próximos passos da investigação e tipificou os delitos cometidos. "Ela registrou a ocorrência e o inquérito foi instaurado. Já identificamos ao menos dez perfis, que serão enquadrados nos crimes de injúria, difamação e ameaça. Todos serão convocados a depor, mas ainda não há qualquer pedido de prisão", esclareceu.