Natação

Após finalizar participação na Rio-2016, Joanna desabafa contra ofensas

AFP
Joanna Maranhão é eliminada nos 400 m medley nas Olimpíadas do Rio imagem: AFP

Guilherme Costa

Do UOL, no Rio de Janeiro

A nadadora Joanna Maranhão encerrou sua participação na Rio-2016 com lágrimas e desabafo. Após acumular sua terceira eliminação nos Jogos, desta vez nos 200 m borboleta, a atleta falou das ofensas e ataques que recebeu nas redes sociais. "Não torçam para eu ser estuprada. É pesado. É muito duro. Eu aguento porque não tive outra opção na vida" 

Chorando, a atleta de 29 anos acrescentou: "Desejar que eu seja estuprada, desejar que minha mãe morra e comemorar que eu não peguei uma final por cinco centésimos são formas de covardia. É falta de caráter, e isso não se faz com ninguém". 

Joanna participou de três provas na Olimpíada, e saiu de todas ainda na primeira eliminatória. Além dos 200 m borboleta, havia nadado nos 200 m e 400 m medley.

A fim de rebater os ataques sofridos, Maranhão lembrou que o Brasil é um país "racista, machista, xenófobo e homofóbico". E destacou: "Minha formação é minha história fizeram com que eu tivesse necessidade de me posicionar politicamente. O que eu puder fazer para melhorar meu país de alguma forma eu vou fazer". 

A atleta ainda relembrou o caso de 2012 da judoca Rafaela Silva, que na última segunda conquistou o primeiro ouro do Brasil na Rio-2016. Ao ser eliminada por um golpe ilegal na edição olímpica passada, Rafaela também foi atacada nas redes sociais. 

"Lembro de quando a Rafaela pegou na perna em 2012, e a galera esculachou - macaco e coisas do tipo. Quatro anos depois, tratam como se ela tivesse virado heroína. Ela já era heroína antes. Ela é heroína desde quando resolveu fazer judô, do jeito dela, treinando pouco, competindo assim. Ela já ganhou e já perdeu fazendo isso. Eu não subi no bloco para piorar meu tempo. O Kitadai não subiu no tatame para perder medalha. A Sarah não entrou para perder... A gente dá duro todo dia", disse.  

Joanna Maranhão ainda reconheceu que, apesar de ter demorado para dormir por causa das ofensas, a situação desconfortável não interferiu no seu resultado. "Nadei mal mesmo", disse. "Independentemente do resultado, eu queria falar em nome de todo mundo".

A nadadora já havia reagido sobre o caso também na internet, na última segunda, e afirmou que irá processar todos os perfis verdadeiros que a ofenderam.

Confira o desabafo da atleta na íntegra:

“A todos os perfis verdadeiros que vieram até aqui denegrir, ofender e xingar: muito obrigada!

Fiquei em silêncio permitindo que vocês se sentissem a vontade enquanto o advogado coletava nome, dados e cpf de cada um.

A partir da próxima semana estaremos entrando com ação na justiça, com todas as provas (inclusive cobertura da imprensa), trata-se de uma causa ganha e com esse dinheiro estaremos potencializando as ações da ONG infância livre.

Sendo assim: muito obrigada! O ódio de vocês será revertido para uma boa causa; combate à pedofilia.”

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