Natação do Brasil tem sofrido na Rio-2016 e só melhora tempo em 4 provas
Cinco dias já se passaram, e a natação brasileira ainda não frequentou o pódio da Rio-2016. O país já chegou a cinco finais da modalidade nas Olimpíadas deste ano, mas ligou um enorme sinal de alerta. Com uma delegação recorde e muito investimento, os donos da casa só conseguiram aprimorar seus tempos em quatro provas dos Jogos.
Até aqui, apenas Felipe França (100 m peito), Manuella Lyrio (200 m livre) e Leonardo de Deus (200 m costas) tiveram em provas individuais da Rio-2016 um desempenho melhor do que o auge de suas carreiras. No entanto, os três registraram essa evolução nas eliminatórias de suas provas – Manuella chegou a cravar recorde sul-americano – e todos eles perderam rendimento depois. Apenas França chegou à decisão de seu evento, mas saiu da Rio-2016 com um sétimo lugar.
Em contrapartida, nadadores como Etiene Medeiros, Larissa Oliveira e Thiago Simon tiveram pioras significativas em seus tempos. Etiene chegou a nadar os 100 m costas em 59s61 em 2015 (recorde sul-americano), mas cumpriu a prova em 1min01s70 na Rio-2016. Larissa havia feito o recorde sul-americano dos 200 m livre em 2016 (1min57s37), mas percorreu a distância em 2min00s76 na disputa individual e em 1min58s15 abrindo o revezamento 4x200 m. Simon fez ainda pior: completou os 200 m peito em 2min09s82 no ano passado, mas conseguiu apenas 2min15s01 na Rio-2016.
O Brasil também melhorou seu tempo no 4x200 m livre feminino e chegou a encaixar um recorde sul-americano no evento da Rio-2016, mas até nessa prova houve frustrações. Manuella Lyrio abriu em 1min58s39 (mais de um segundo mais lenta do que havia feito na prova individual) e apenas Jéssica Cavalheiro conseguiu, mesmo com saída lançada, registrar um tempo inferior a seu auge na distância.
A natação brasileira já emplacou cinco finalistas na Rio-2016 (dois nos 100 m peito, um nos 100 m livre e um nos 200 m medley, além do revezamento 4x100 m livre – todos no masculino). Falta apenas uma prova decisiva para o país igualar seu melhor desempenho nesse quesito em Olimpíadas (foram seis em Pequim-2008). Contudo, a involução dos atletas, seja do passado para os Jogos ou até dentro da própria Rio-2016, dificulta que essa assiduidade em finais se transforme em medalhas.
Foi isso que aconteceu na última quarta-feira (10), por exemplo. Henrique Rodrigues nadou a eliminatória dos 200 m medley em 1min58s56 e ficou aquém de seu auge na distância (1min57s06). Saiu da piscina, todavia, dizendo que havia controlado a prova e que tinha boa perspectiva para a série semifinal. Na etapa seguinte, fez 1min59s23 e não conseguiu avançar à decisão.
Na mesma prova, Thiago Pereira conseguiu um lugar entre os oito que brigarão pela medalha na noite desta quinta-feira (11). Um dos motivos para isso é que o brasileiro conseguiu evoluir entre a primeira e a segunda sessão do dia. O tempo dele evoluiu de 1min58s63 para 1min57s11, o que ainda é distante do melhor da carreira do atleta (1min55s55 em 2009), mas o nível de exigência em uma edição de Jogos Olímpicos é maior a cada etapa.
“O que eu acho é o seguinte: é muito difícil fazer uma análise no meio do jogo. Fazia tempo que os Estados Unidos não terminavam o primeiro dia da natação sem ganhar uma medalha de ouro, por exemplo, mas o fato de isso ter ocorrido aqui não quer dizer que eles estejam em crise. Você tem de olhar para coisas como a programação”, ponderou Ricardo de Moura, diretor-executivo da CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos).
“Acho que você vai ter um extrato apenas no fim dos Jogos, mas está surgindo uma geração nova, que lembra a de Atenas-2004. Coincidiu de isso acontecer no Rio de Janeiro”, completou Moura.