! Sem jogo bonito. Brasil emperra com Neymar 'fominha' e só empata em estreia - 04/08/2016 - UOL Olimpíadas

Relatos das provas

Sem jogo bonito. Brasil emperra com Neymar 'fominha' e só empata em estreia

Bernardo Gentile e Dassler Marques

do UOL, em Brasília

Os ensaios foram bem feitos, mas a prática não funcionou. Na abertura dos Jogos Olímpicos e diante de uma torcida impaciente em Brasília, a seleção brasileira de Rogério Micale parou na África do Sul. Nem mesmo um terço do jogo com 11 contra 10 foram suficientes, e o Brasil ficou no 0 a 0 nesta quinta-feira.

Incumbido de liderar o time, Neymar chamou a responsabilidade enquanto Gabriel e Gabriel Jesus tiveram jornadas apagadas. Mas, muito fominha, atrapalhou o time em alguns momentos. Em outros, foi o mais perigoso, mas esbarrou em dia inspirado do goleiro Itumeleng Khune. 

Absolutamente frustrante diante da expectativa com o time, o bom desempenho em treinamentos e amistosos, o resultado deixa o Grupo A em aberto, já que Iraque e Dinamarca também ficaram no empate sem gols. A seleção volta a jogar no próximo domingo, também em Brasília, diante dos iraquianos.

Neymar leva perigo, mas volta a ser ‘fominha’ e perde bolas em demasia

REUTERS/Ueslei Marcelino
Neymar volta a ser "fominha" com a camisa da seleção brasileira imagem: REUTERS/Ueslei Marcelino

Principal referência da seleção brasileira, Neymar chamou a responsabilidade até em excesso. Em muitos momentos, principalmente da etapa inicial, o atacante prendeu a bola e sofreu com desarmes sul-africanos. Mesmo assim, Neymar também ajudou em lances de grande perigo. Foram quatro boas finalizações de fora da área que o goleiro Khune, um dos três acima de 23 anos do rival, conseguiu conter.

O melhor: Khune fecha o gol e frustra a seleção brasileira

Experiente, o goleiro do Kaizer Chiefs se mostrou firme. No primeiro tempo, fez duas defesas importantíssimas em conclusões de Neymar. Na etapa final, além de orientar os defensores de seu time, se manteve firme. Não hesitou em nenhuma bola e teve sorte na melhor chance brasileira. No final, irritou a torcida com cera em duas ocasiões. 

O pior: Gabriel Jesus some entre os zagueiros e perde a melhor chance

Ueslei Marcelino/Reuters
Gabriel Jesus desperdiçou uma oportunidade clara na etapa final imagem: Ueslei Marcelino/Reuters

O atacante do Palmeiras pegou pouco na bola e foi a figura mais apagada do setor ofensivo. Em meio a zagueiros mais fortes e com poucos espaços pelo chão, Jesus não conseguiu usar suas melhores características, a velocidade e o drible. Gabriel lutou bastante, mas perdeu a chance mais clara de gol, aos 24min: sem goleiro, acertou a trave.

O que foi treinado não funciona bem

A ideia de jogo da seleção brasileira de Rogério Micale não foi bem executada. Sem muitas inversões de bola, sem triangulações e sem o que o treinador chama de "jogo de apoio" em vários momentos, foi mais difícil ameaçar uma África do Sul bem arrumada e que deu poucos espaços. As melhores chances até a expulsão de Mothobi Mvala foram com duas conclusões de Neymar da entrada da área. Depois, com 11 contra 10, o time melhorou com as entradas de Rafinha e Luan. Levou mais perigo, girou mais a bola e encontrou brechas, mas não foi suficientemente competente. 

Após China, Renato Augusto perde mobilidade

Eduardo Anizelli/Folhapress
Renato Augusto foi titular na estreia da seleção brasileira imagem: Eduardo Anizelli/Folhapress

Entre os três jogadores acima dos 23 anos, Renato Augusto fez parte do que se espera dele no quesito experiência. Girou a bola, orientou a equipe e deu equilíbrio ao time. Mas, fisicamente, parece muito distante do jogador que foi destaque no Campeonato Brasileiro 2015. Lento, em especial no segundo tempo, caminhou em campo e foi substituído aos 20 minutos da etapa final. A melhora com Rafinha Alcântara foi clara, com um jogo mais rápido. 

Micale assiste ao jogo impaciente e aposta em quatro atacantes

Lucas Figueiredo / MoWA Press
Rogério Micale orienta os jogadores na beira do gramado imagem: Lucas Figueiredo / MoWA Press

O treinador brasileiro acompanhou praticamente toda a partida à beira do gramado, chamou atletas para conversas, mas o funcionamento do time só melhorou quando Mvala foi expulso. Com um time bastante ofensivo, faltaram opções de ataque no banco. Mesmo assim, Luan foi acionado e logo depois Rafinha, o que deu mais dinâmica ao time. Ele ainda apostou em Willian na lateral direita e trouxe Zeca para a esquerda, mas ficou no 0 a 0. 

Owen da Gama organiza defesa e cria bons contragolpes

O sistema defensivo da África do Sul deu grande trabalho ao Brasil, que não conseguiu triangular passes em vários momentos. A exemplo do que havia prometido na véspera, o treinador teve no meia-atacante Keagan Dolly seu jogador mais criativo e conseguiu ameaçar Weverton em contragolpes. O goleiro, substituto de Fernando Prass, não foi 100% seguro, mas conteve as ameaças. 

Torcida "paciente"

Eduardo Anizelli / Folhapress
Torcida brasileira apoiou com bola rolando, e vaiou após o apito final imagem: Eduardo Anizelli / Folhapress

A torcida brasileira apoiou o time durante boa parte do jogo, mas teve momentos de pressão sobre os atletas sub-23. O time foi vaiado no intervalo, durante a etapa final e também depois da partida. 

Opinião dos blogueiros

Mauro Beting: "Se viu pouca bola. Poucas ideias e mais uma decepção."

Juca Kfouri: "Pesadelo no sonho de ouro. E Neymar será o culpado."

Perrone: "África do Sul jogou mais do que se esperava. E o Brasil muito menos."

FICHA TÉCNICA

BRASIL 0 X 0 ÁFRICA DO SUL
 
Local: Estádio Mané Garrincha, em Brasília (DF)
Data: 4 de agosto de 2016, quinta-feira
Horário: 16 horas (de Brasília)
Árbitro: Antonio Mateu Lahoz (ESP)
Assistentes: Pau Cebrian Devis (ESP) e Roberto Díaz Pérez (ESP)
Cartões amarelos: Thiago Maia e Marquinhos (Brasil); Mvala e Mathoho (África do Sul)
Cartão vermelho: Mvala (África do Sul)
 
BRASIL: Weverton; Zeca, Rodrigo Caio, Marquinhos e Douglas Santos (William); Thiago Maia, Renato Augusto (Rafinha Alcântara) e Felipe Anderson (Luan); Gabriel, Gabriel Jesus e Neymar
Técnico: Rogério Micale
 
ÁFRICA DO SUL: Khune; Mobara, Mathoho, Coetzee e Modiba; Mvala, Mekoa e Motupa; Masuku (Moris), Mothiba e Dolly
Técnico: Owen da Gama

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