Olimpíadas 2016

"Vila Olímpica não é segura", diz chefe de missão da Austrália na Rio-2016

Ricardo Borges/Folhapress
Força Nacional faz segurança da Vila Olímpica na avertura do complexo para os atletas, neste domingo (24 de julho) imagem: Ricardo Borges/Folhapress

Guilherme Costa

Do UOL, no Rio de Janeiro

Foi um temor em relação à segurança de seus atletas que fez o Comitê Olímpico da Austrália desistir de se hospedar na Vila Olímpica da Rio-2016, na zona oeste da cidade, aberta neste domingo (24). Segundo oficiais da entidade oriunda da Oceania, o prédio em que eles ficariam acomodados falhou em testes de estresse recomendados pelo COI (Comitê Olímpico Internacional) e mostrou que não tinha condição de receber adequadamente o grupo.

“A Vila Olímpica não é segura”, resumiu Kitty Chiller, chefe de missão da Austrália na Rio-2016. “Há questões a serem resolvidas em três principais áreas, que são encanamento, gás e eletricidade. Todas essas questões colocam em risco os atletas”, completou.

A Vila Olímpica foi inaugurada na manhã deste domingo, e a expectativa do comitê organizador da Rio-2016 era receber 14 delegações no primeiro dia (incluindo o Brasil). No entanto, nada chamou mais atenção do que as reclamações dos australianos, que classificaram o local como “inabitável” e se recusaram a ficar. As reclamações deles incluíam aspectos como vazamento em pias, sanitários entupidos, escadas sem iluminação e cheiro de gás.

Construída pela iniciativa privada a partir de um financiamento de R$ 2,33 bilhões da Caixa Econômica Federal, a Vila Olímpica tem 31 prédios e 3.604 apartamentos, que serão revendidos depois dos Jogos Olímpicos.

“Pelo ambiente, pela estrutura e pelas zonas comuns, posso dizer que esta vai ser uma das Vilas mais lindas que eu já vi em Jogos Olímpicos. Desde que os problemas sejam resolvidos, é claro”, disse Chiller, que já esteve em cinco edições do megaevento esportivo.

"Nesse lugar não fico"

O Comitê da Austrália precisou tomar medidas inusitadas para acomodar os atletas. Parte da delegação nacional, composta por 410 esportistas, será enviada à Vila de Mídia, espaço em que o comitê organizador hospeda jornalistas que não são da cidade e passam uma temporada no local durante os Jogos Olímpicos.

“Entendemos que a Vila Olímpica não é apenas o espaço em que os atletas dormem, mas um local em que eles podem fazer amizades, trocar experiências e viver o verdadeiro espírito dos Jogos Olímpicos. Por isso, esse é um assunto importante para nós”, disse um porta-voz oficial do comitê.

A primeira leva de atletas da Austrália chegará ao Rio de Janeiro na próxima segunda-feira (25). Inicialmente, eles serão enviados para Vilas de Mídia. No fim do dia haverá nova avaliação sobre a Vila Olímpica.

“Vamos pensando dia a dia, agora. Não sabemos exatamente quando as questões internas aqui vão ser solucionadas, mas é importante que não tenhamos nenhuma decisão precipitada. Assim que estiver consertado, voltaremos para cá. Não temos nada contra a Vila e não vamos deixar de nos hospedar aqui”, completou Chiller.

Os oficiais do país vão seguir trabalhando em escritórios da Vila, a despeito dos problemas encontrados no local, e só não serão liberados para dormir por lá.

Ajustes de última hora

O comitê organizador local contratou ao menos 500 funcionários para ajustes de última hora na Vila. Janeth Arcain, prefeita do local, chegou a dizer que os problemas seriam resolvidos “em dois ou três dias”. O COB (Comitê Olímpico do Brasil), porém, trabalha com um prazo até sexta-feira (29).

Além do trabalho de ajuste final, que será feito com as delegações hospedadas, a Vila passará por nova vistoria e por um teste de estresse dividido por andares. A avaliação consiste em submeter equipamentos dos prédios a situações extremas para testar o funcionamento de aparatos como descargas, torneiras e sistemas de iluminação. A realização desse tipo de prova foi sugerida aos comitês olímpicos nacionais pelo próprio COI (Comitê Olímpico Internacional).

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